O Departamento de Justiça dos EUA anunciou nesta 5ª feira que apreendeu 69.370 Bitcoins (BTC) de um hacker. As moedas haviam sido obtidas em 2013 num roubo à Silk Road, a mais famosa rede oculta de comércio ilegal na deep web.
O valor de mercado destas moedas hoje? 1,05 bilhão de dólares, equivalente a R$ 5,8 bilhão. O hacker, portanto, esperou 7 anos para movimentar sua fortuna, na esperança de que os rastros tivessem desaparecido. No entanto, o blockchain não deixa dúvidas.
Embora não seja possível identificar quem é o dono de determinado endereço, é possível monitorar movimentações, endereços IP e afins. Este hacker, por exemplo, havia enviado 101 Bitcoins para a exchange BTC-e em 2015.
Para o azar do hacker, a exchange européia foi alvo de uma ação internacional em 2017 por lavagem de dinheiro. Ou seja, foi provavelmente através dos dados desta transação de 2015 que o governo norte-americano conseguiu rastrear o hacker.
O governo consegue confiscar algum endereço?
Não. Tudo indica que o hacker entregou as chaves de acesso em troca de redução na pena ou similar. A rede Bitcoin utiliza a criptografia SHA-256, a mesma utilizada pelas agências do governo norte-americano, bancos e grandes empresas.
A única forma de movimentar criptomoedas é com a assinatura eletrônica da transação, ou seja, a chave privada. Existem mecanismos ainda mais avançados, que podem incluir dispositivos físicos, conhecidos como hardware wallets.
Outra forma de proteger ainda mais suas criptomoedas é utilizando endereços multi-assinatura (multisig). Deste modo, é possível exigir duas ou mais chaves privadas para autorizar uma transação.
Os EUA vão vender esses Bitcoins?
Muito provavelmente. Esta não é a primeira vez que o governo norte-americano faz uma apreensão de criptomoedas. Na mais famosa delas, foram leiloados 29.656 Bitcoins em 2014.
Estas moedas, coincidentemente, também foram oriundas do site Silk Road de intermediação de negócios obscuros.
O comprador na época foi Tim Draper, investidor de capital de risco, conhecido por aportes no Hotmail, Skype, Tesla, Baidu e Twitter. Sua aquisição em 2014 por 19 milhões de dólares atualmente está avaliada em 448 milhões, um ganho de 22 vezes o valor inicial.
Em fevereiro de 2020, através de um novo leilão, o governo dos EUA vendeu 4.040 BTC de outra apreensão. Deste modo, é de se esperar que o lote atual enfrente o mesmo processo.
Estes leilões derrubam o preço?
Usualmente não. O governo tem interesse em vender pelo maior preço possível, portanto fatia em lotes menores. Para um grande comprador, também é uma excelente oportunidade de adquirir uma quantia maior sem grande impacto na cotação.
Em suma, tudo depende das condições de mercado na semana do leilão. Se estivermos em um mercado de alta, como o atual, o impacto será mínimo. Entretanto, se por acaso na época do leilão o Bitcoin estiver em queda, é de se esperar uma pressão negativa temporária na cotação.
De qualquer modo, é preciso lembrar que no leilão, mesmo que seja negociado um preço abaixo do mercado para o lote, não existe necessariamente impacto na cotação das exchanges.
Quantos BTCs misteriosos ainda existem?
Segundo estudo da Crystal Blockchain de Julho/2020, existem 3,75 milhões de Bitcoins sem movimentação há mais de 5 anos. Esse valor inclui os cerca de 1 milhão de BTCs atribuídos à Satoshi Nakamoto.
Não é possível afirmar se foram perdidos ou se os donos estão esperando alguma oportunidade para ocultar a origem dos recursos. Aos poucos, alguns devem finalmente se movimentar, como os 69.370 desta semana.
O post Governo americano confisca US$ 1 bilhão em Bitcoin apareceu primeiro em Blog da BitcoinTrade.