Embora a segurança e anonimato do blockchain sejam suas características mais marcantes, é possível monitorar toda movimentação de qualquer endereço.
Saldos, transferências, mineração, fica tudo registrado de forma aberta na rede. No entanto, não é possível saber quem é a pessoa ou entidade responsável por controlar determinada carteira, ou wallet.
Embora um usuário possa criar infinitos endereços na mesma carteira, existem empresas especializadas em fazer este rastreamento. Em suma, a informação de quem é o dono de cada carteira não é pública, porém, rastreável.
A questão da fungibilidade
Esta transparência cria um problema, pois você pode acabar recebendo moedas que tenham passado em endereços associados à hacks, roubos ou até coisa pior.
As transações confidenciais são uma alternativa para dar mais privacidade aos usuários, e já é realidade em algumas criptomoedas como Monero (XMR), ZCash (ZEC), PIVX e GRIN.
Quando isto surgiu?
A idéia de “Transações Confidenciais” não é nova, sendo discutida publicamente pela primeira vez em 2013 por Adam Back, pesquisador citado algumas vezes por Satoshi, além de ter sido o criador do HashCash.
Outra importante figura da história do Bitcoin, um dos desenvolvedores mais antigos, Greg Maxwell, propôs a utilização de “Assinaturas em Anel”, criando uma implementação viável para as criptomoedas.
Funcionamento na prática
Assinaturas de transações antigas são misturadas na atual – formando um anel – desta forma um observador externo não consegue saber quem são os envolvidos.
Algumas redes vão além, por exemplo, Monero, codificando a quantidade transacionada. Ou seja, na prática, é possível atingir um excelente nível de privacidade.
Garantindo que não há moedas-fantasma
Entra em cena a criptografia homomórfica, utilizando um hash (codificação) que permite a verificação do conteúdo, porém sem possibilitar alguém decodificar a mensagem. Hash é um código que funciona somente para uma única transação.
Desta forma, qualquer participante pode verificar se não há moedas-fantasma na transação, mesmo sem enxergar as quantidades. A única informação exposta é quanto foi pago de taxa de mineração.
Não há bala de prata
As “Transações Confidenciais” só fazem sentido se grande parte da rede estiver utilizando. Outro problema é que tal mecanismo ocupa cinco vezes mais espaço de armazenamento. Este cálculo inclui a ferramenta bulletproof, já implementada na rede Monero.
O fato é que isto resulta num gargalo ainda maior para as transações em cada bloco. Aumentar a capacidade dos blocos é possível, porém dificulta para que usuários rodem seus nodes, ou nós.
Monero (XMR) vs ZCash (ZEC)
Dentre as 25 maiores criptomoedas, Monero (XMR) e ZCash (ZEC) oferecem soluções nativas de privacidade. Após a implementação da ferramenta bulletproof na Monero em outubro de 2018, ambas passaram a contar com soluções parecidas em termos práticos.
Deve-se ressaltar que usuários da ZCash não são obrigados a utilizar a solução de privacidade, e de fato, a maioria não o faz por conta das taxas de transações maiores. Algumas exchanges e wallets não aceitam depósitos de endereços com transações ocultas.
Mimblewimble
O mais recente protocolo de privacidade é o MimbleWimble, atualmente utilizado pelas moedas Grin e Beam. Ao contrário do Bitcoin e Ethereum, não há endereços com saldos armazenados no blockchain. Seus blocos consistem em uma única grande movimentação agregada, onde as quantidades de cada transação são ofuscadas.
Outra vantagem deste sistema é que os nodes não precisam carregar todo o histórico da rede. De qualquer maneira, a tecnologia ainda está em testes, além de não permitir uso de linguagem script. Futuramente poderá ser resolvido através de uma segunda camada, mas atualmente Grin e Beam não oferecem Multisig, as carteiras multi-assinadas.
Conclusão
O próprio Bitcoin está rumando para implementar soluções de privacidade através das assinaturas Schnorr, scripts via Taproot e até mesmo a solução para esconder o transmissor das transações, Dandelion.
Fungibilidade é algo essencial para qualquer sistema que deseja transacionar valores. Tornar todas as moedas iguais perante os participantes reduz riscos de censura nas transações.
Devemos lembrar que alguns governos adotaram posturas radicalmente contra moedas de privacidade, sendo sua comercialização atualmente proibida no Japão, Emirados Árabes e Coréia do Sul.
Sugestão: Cansado de receber fake news sobre criptomoedas? Neste artigo explicamos como fugir do FUD, as notícias plantadas para assustar investidores.
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