A sessão desta quinta-feira é novamente de forte queda para os mercados internacionais e a expectativa é grande para que haja o terceiro circuit breaker da semana na B3. Na quarta-feira, o Ibovespa caiu 7,64% no pregão regular, renovando menor patamar desde dezembro de 2018 após a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarar o coronavírus como pandemia.
Contudo, no after-market, a baixa foi ainda mais expressiva para o Ibovespa Futuro, que fechou com queda de 13% refletindo o resultado da votação no Congresso, que derrubou o veto do presidente Jair Bolsonaro ao projeto de lei do BPC, o que deve gerar um impacto de R$ 217 bilhões em 10 anos, segundo contas do governo. Ou seja, a expectativa era de que o pregão desta quinta fosse novamente de forte queda para o mercado.
Mas ainda haveria um outro fator para a forte queda. Durante a noite, a fala de Donald Trump sobre medidas para controlar os efeitos do coronavírus, com expectativa para tranquilizar o mercado, teve efeito contrário e perdas de ativos de risco se acentuaram. S&P futuro chegou a atingir limite de queda ao cair mais de 5% e bolsas despencaram com restrições dos EUA a viagens à Europa.
Desta forma, o MSCI Brazil Capped ETF (EWZ), principal ETF (fundos de gestão passiva que acompanham algum índice e são negociados em Bolsa) dos ADRs (na prática, as ações de empresas brasileiras negociadas nos Estados Unidos) brasileiros despencam 12,34% no pré-market da bolsa de Nova York. O CDS brasileiro, que ontem disparou mais de 20% e superou os 200 pontos, ensaia nova alta esta manhã para 231 pontos.
Confira mais destaques:
1. Bolsas mundiais
Os mercados receberam muito mal o discurso do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na noite de ontem. As bolsas da Ásia fecharam hoje em queda forte, as europeias abriram em baixa acentuada e os futuros de Nova York estão negativos.
Trump aumentou as incertezas aos investidores ao invés de reduzi-las; a eficácia da medida de suspender todos os voos entre a União Europeia e os Estados Unidos por 30 dias, a partir de amanhã, derrubou as ações das empresas aéreas. Mesmo a promessa de US$ 200 bilhões para os mercados foi considerada insatisfatória – apenas ontem, o Federal Reserve de Nova York irrigou a NYSE com US$ 175 bilhões nas operações de recompra.
Enquanto isso, o número de casos do coronavírus supera 125.000 em meio ao impacto da declaração de pandemia feita ontem pela OMS. O petróleo tem 2ª queda seguida e WTI chega a US$ 30 na mínima; metais têm baixa expressiva em Londres.
Veja o desempenho dos mercados, às 7h47 (horário de Brasília:
Nova York
*S&P 500 Futuro (EUA), -4,81%
*Nasdaq Futuro (EUA), -4,86%
*Dow Jones Futuro (EUA), -5,09%
Europa
*Dax (Alemanha), -5,85%
*FTSE (Reino Unido), -5,58%
*CAC 40 (França), -5,77%
*FTSE MIB (Itália), -5,17%
Ásia
*Nikkei (Japão), -4,41% (fechado)
*Kospi (Coreia do Sul), -3,87% (fechado)
*Hang Seng (Hong Kong), -3,66% (fechado)
*Xangai (China), -1,52% (fechado)
*Petróleo WTI, -4,91%, a US$ 31,32 o barril
*Petróleo Brent, -5,34%, a US$ 33,88 o barril
**Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa de Dalian fecharam em alta de 0,23%, cotados a 663.000 iuanes, equivalentes a US$ 94,80 (nas últimas 24 horas). USD/CNY= 6,9930 (-0,63%)
*Bitcoin, US$ 7.885,43 +0,20%
2. Indicadores econômicos
A decisão do Banco Central Europeu (BCE) que se reúne às 9h45 em Frankfurt, será determinante na resposta que a autoridade monetária da Zona do Euro dará à crise do coronavírus. Itália e Alemanha devem entrar em recessão por causa da pandemia, que também ameaça as economias francesa e espanhola.
A presidente do BCE, Christine Lagarde, deverá dar entrevista após a reunião. Nos Estados Unidos, o Departamento do Trabalho divulga às 9h30 os pedidos semanais do seguro-desemprego. No Brasil, o IBGE apresenta às 9h30 a produção industrial regional de janeiro.
Já o BC brasileiro anunciou leilão de dólar de até US$ 1,5 bilhão à vista – menor do que as ofertas de até US$ 3 bilhões feitas nos dias anteriores – depois da moeda americana bater novo recorde de fechamento, chegando a R$ 4,82 no contrato futuro.
3. Guedes pede apoio ao Congresso
Após governo ser derrotado na derrubada do veto sobre o BPC, o ministro da Economia, Paulo Guedes, pediu nesta quarta-feira apoio para deputados e senadores para aprovação das reformas e uma revisão do orçamento da saúde para minimizar o impacto da pandemia do coronavírus na economia, informa o Valor.
Segundo ele, o efeito do coronavírus pode ser suave, provocando perda de PIB entre 0,1 e 0,5 ponto percentual. Se a pandemia tomar conta do Brasil e não houver reformas, pode chegar até 1%, teria alertado o ministro em reunião de emergência realizada nesta noite no Congresso; o encontro foi fechado, mas parlamentares divulgaram parte das falas, destaca o jornal. Guedes teria dito que há espaço monetário, mas não fiscal e por isso haveria necessidade das reformas, enquanto ministro ressaltou a PEC Emergencial, a dos gatilhos da regra de ouro e do Pacto Federativo.
Governo e Congresso avaliam R$ 5 bilhões para combater o coronavírus, disse o presidente da Câmara Rodrigo Maia em entrevista à imprensa após reunião com ministros como Guedes e Henrique Mandetta, com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, além de parlamentares, na noite de quarta-feira. “Tenho certeza que governo e Congresso em conjunto vão organizar essa solução ainda essa semana”, disse Maia. Governo
olha com cuidado alguns setores, como aviação e serviços, mas nenhuma intervenção foi decidida, disse Maia. “Estamos abertos para, por exemplo, ajudar o governo na suplementação do orçamento emergencial para reforçar ações de combate ao vírus. Legislativo e Executivo vão definir medidas ainda esta semana”.
4. OCDE e coronavírus
A falta de capital de giro ameaça as empresas. Em várias economias, principalmente na Zona do Euro, as empresas privadas estão ficando sem dinheiro. O alerta foi feito pelo economista luso-brasileiro Luiz de Mello, diretor de Políticas Públicas do Departamento de Economia da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Mello diz em entrevista à Folha de S. Paulo que não descarta que o alto endividamento das empresas acabe afetando os mercados.
5. Noticiário corporativo
A Petrobras comunicou na noite de ontem que atingiu recorde de produção no campo de Búzios, que fica no pré-sal da Bacia de Santos. Segundo a estatal, no dia 10 de março a produção no campo atingiu 640 mil barris diários de petróleo, ou 790 mil barris por equivalência (boe). Já a Vale informou na noite de ontem que reforçará a governança corporativa. A empresa anunciou a criação de um Comitê de Auditoria, que e reportará diretamente ao Conselho de Administração. A SLC Agrícola publicou balanço na noite de ontem.
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(Com Bloomberg e Agência Estado)
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