A vida é feita de escolhas, inclusive no mundo das aplicações financeiras. Para decidir colocar dinheiro em uma ação e se tornar sócio de uma companhia, é preciso considerar o custo de oportunidade. Uma das melhoras formas de escolher uma aplicação financeira sobre outra é calcular o retorno sobre o patrimônio líquido. O conceito também é conhecido como return on equity, ou ROE.
Veja o que é o ROE, por que ele é importante, como calculá-lo e como ficar rico investindo ao potencializar esse retorno.
O que é o ROE?
Para definir o que é o retorno sobre o patrimônio líquido (ROE), é preciso entender o que é o patrimônio líquido. Também chamado de PL, é o valor do capital próprio de uma empresa. É a diferença entre seus ativos (propriedades e aplicações financeiras) e passivos (contas a pagar).
O retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) mostra, portanto, quanto uma empresa gera de valor a partir dos recursos seus e de seus acionistas.
Qual é o seu objetivo?
Caso você esteja pensando em comprar a ação de uma empresa, o ROE pode ajudar a entender qual será a rentabilidade desse dinheiro. É uma prática essencial para construir sua inteligência financeira e escolher a melhor aplicação para seu perfil e para os recursos disponíveis.
O retorno sobre o patrimônio líquido analisa o histórico da companhia, mostrando o rendimento gerado a cada real que os acionistas colocaram nela. Essa é uma análise sobre o desempenho da empresa: quanto maior o ROE, maiores as chances de seu dinheiro se valorizar.
Sempre compare os ROEs entre empresas de um mesmo setor. Há mercados em que as corporações precisam ter mais capital para operar, mudando a relação de retorno sobre o patrimônio líquido.
Comparando negócios no mesmo segmento, você entende qual deles tem a melhor gestão do dinheiro dos acionistas. Ou seja, qual gera mais retorno em comparação com sua estrutura. É uma análise mais sofisticada do que apenas avaliar os lucros dessas companhias.
Também faça uma média dos ROEs de cada corporação nos últimos cinco a sete anos. Assim, você terá uma visão mais confiável da rentabilidade de cada organização.
Como fazer o cálculo do ROE?
O ROE é calculado dividindo o lucro líquido da empresa no último ano fiscal completo pelo patrimônio líquido. Essa conta mostra quão eficiente é a empresa ao usar seus ativos para obter lucro. Algumas já colocam o ROE nesse documento.
Você pode encontrar o patrimônio líquido no balanço da companhia aberta, que deve ser divulgado todo trimestre. Como dito, ele é a diferença entre seus ativos e passivos. Já o lucro líquido também pode ser encontrado nesse documento, na parte de Demonstração de Resultados do Exercício (DRE).
O retorno sobre o patrimônio líquido também é conhecido se você multiplicar três variáveis: margem financeira, giro sobre ativos e alavancagem financeira.
A margem financeira é definida pelo lucro líquido dividido pelas vendas da companhia. Isso mostra a realidade da empresa diante do seu total de entradas. Para aumentar a margem financeira e o ROE, podemos elevar preços e/ou reduzir gastos.
Já o giro dos ativos operacionais é conhecido ao dividir suas vendas pelo ativo operacional líquido (descontados dividendos e impostos). Isso mostra quantas vendas a companhia realizou diante da sua quantidade de ativos em operação. Aumentar o volume de vendas pode melhorar o giro sobre os ativos operacionais e, com isso, o ROE.
Por fim, a alavancagem financeira(ou leverage) se descobre ao dividir o ativo operacional líquido pelo patrimônio líquido. Isso mostra quanto do ativo da empresa de fato provém do seu patrimônio, e não do empréstimo de terceiros.
Financiamentos a custos baixos aumentam a alavancagem financeira. Lembre-se de aplicar em projetos que tenham taxa de retorno maior do que os juros cobrados.
Por que é importante acompanhá-lo?
O retorno sobre o patrimônio pode ser usado para avaliar a eficiência na gestão das companhias. Essa análise é útil caso você esteja analisando diversas empresas para colocar seus recursos.
Outra utilidade para o acompanhamento do ROE é avaliar a oportunidade de começar seu próprio negócio. Calcule o capital inicial para a empresa e sua projeção de lucro líquido e os divida. Um aporte inicial de R$ 50 mil e uma projeção de lucro líquido anual de R$ 10 mil gerariam um ROE de 20%.
Esse retorno é bom ou ruim? Compare com a oportunidade de colocar seu dinheiro em outras aplicações. Exemplos são títulos públicos, que representam o custo de oportunidade do próprio país e uma taxa mínima de atratividade da aplicação. Outro exemplo são empresas do mesmo segmento da sua.
Pense se o ROE justifica horas trabalhadas, passivos trabalhistas e a chance de a recompensa não ser a esperada. O retorno sobre o patrimônio líquido deve ter sempre um prêmio sobre esse risco. Caso contrário, você está perdendo oportunidades de aplicações financeiras mais eficientes na relação entre retorno e risco.
Quais são os problemas do ROE?
Mesmo que seja uma das principais métricas de desempenho de uma empresa, o ROE tem suas limitações. São três problemas: do tempo, do risco e do valor.
O retorno sobre o patrimônio líquido pode não capturar o impacto de decisões financeiras feitas pensando no longo prazo. Por exemplo, um negócio pode montar uma fábrica que só gerará recompensa daqui cinco anos. Todo esse aporte conta para o ativo financeiro da empresa. Porém, como os lucros não caminham no mesmo passo, o ROE reduzido.
O ROE também não indica qual é a relação entre retornos e riscos de uma aplicação financeira. Você precisa saber qual o retorno sobre o patrimônio líquido esperado pelos acionistas daquele setor e daquela empresa. Só assim entenderá se um ROE de 20%, por exemplo, superou ou não as expectativas de retorno e compensou o risco assumido.
Por fim, o ROE pode ser calculado com base no valor contábil ou no valor de mercado do patrimônio líquido. Talvez esse seja o caso de companhias com capital aberto, com suas ações flutuando de acordo com as expectativas dos acionistas. Um bom ROE pode fazer a avaliação de mercado ser superior ao valor contábil do patrimônio líquido.
Como uma consultora de investimentos pode potencializar o seu ROE?
Você não deve basear sua aplicação financeira apenas pelo ROE. Olhe para outras métricas da empresa, como histórico no mercado, volume de dívidas e diferenciais de produto e de marketing.
Um bom caminho é realizar uma análise fundamentalista das companhias em que você considera alocar seus recursos. Cruzando o ROE com outras métricas, o potencial de um retorno sobre o patrimônio líquido consistente se torna maior.
Não é uma tarefa simples aprender a investir, especialmente quando se fala em renda variável. Afinal, ela demanda calcular o ROE de cada empresa, compará-lo ao das concorrentes, considerar outros indicadores e acompanhar mensalmente tudo isso.
Uma consultora de investimentos pode ser uma boa alternativa para terceirizar o esforço. Ter profissionais especializados na análise de indicadores que envolvem suas aplicações financeiras pode potencializar seu ROE.
O retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) mostra quanto valor uma empresa gera a partir dos seus recursos. Sabendo quão eficiente é a gestão dessa companhia, você pode decidir qual a melhor aplicação financeira para seus recursos e objetivos. Agora que você já sabe tudo sobre o ROE, elabore um plano de investimentos de acordo com suas metas.
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