quinta-feira, 23 de janeiro de 2020

Entenda mais sobre as taxas de administração e de performance dos fundos

Quem se interessa por fundos de investimento se depara com duas taxas que não existem em outras aplicações: a taxa de administração e a taxa de performance.

Essas cobranças podem soar complicadas à primeira vista, mas não é difícil entender como elas funcionam.

A partir de agora, vamos ver o que é cada uma dessas tarifas, como elas são cobradas e como identificar quando elas estão caras ou baratas.

Mas antes, vamos repassar alguns conceitos básicos sobre o funcionamento dos fundos de investimento.

Quanto custa aplicar em um fundo de investimento?

Como você já deve saber, um fundo de investimento é uma aplicação intermediária: em geral, ele te ajuda a acessar outros investimentos mais sofisticados.

Por isso, suas principais características são:

  • aplicação mínima reduzida;
  • estratégias pré-definidas de investimento; 
  • diversificação a partir do primeiro investimento; 
  • gestão especializada.

Por conta dessas particularidades, os custos de investir em fundos também são diferentes:

  • taxa de administração: remuneração de quem faz a gestão do fundo;
  • come-cotas: forma diferenciada de Imposto de Renda;
  • taxa de performance: quando o gestor cobra um adicional ao bater determinado indicador (benchmark).

O que é taxa de administração? 

A taxa de administração é o pagamento pelo trabalho de gestão de um fundo de investimentos. Ela incide sobre o valor total investido (capital + rendimentos).

Essa taxa é expressa em porcentagem (%) ao ano. Porém, ela é cobrada de forma proporcional: incide a cada seis meses ou quando o cliente faz algum resgate.

As taxas de administração de fundos por categoria ficam em torno de:

tipo de fundo taxa de administração (média do mercado)
renda fixa a partir de 0,2% ao ano. Nos grandes bancos, chega a 3% ao ano
multimercado entre 2% e 3% ao ano
ações entre 2% e 3% ao ano
ETFs cerca de 0,5% ao ano
fundos imobiliários até 1% ao ano

E o que é taxa de performance? 

A taxa de performance funciona como uma espécie de recompensa. Ela é cobrada quando a gestão do fundo supera seu índice de referência, que pode ser o Ibovespa, o CDI ou qualquer outro definido na documentação do fundo.

A taxa de performance incide sobre a parte do retorno do fundo que ultrapassa o seu índice de referência, que também é chamado de benchmark financeiro.

Um exemplo: imagine um fundo que tenha o Ibovespa como referência. Assim, se o Ibovespa render 100% e o fundo 150%, a taxa de performance vai ser recolhida somente sobre os 50% de diferença.

Um padrão adotado pela indústria de fundos no Brasil é cobrar uma taxa de performance de 20%. Assim, considerando o exemplo anterior, a taxa de performance seria de 20% sobre os 50% de retorno excedente do fundo.

Quais fatores determinam essas taxas?

Como não há limites legais para a taxa de administração, o valor cobrado pode variar bastante.

Essa diversidade de taxas é parcialmente explicada pelas diferentes estratégias de investimento que o gestor de um fundo pode adotar.

Fundos que atuam em mercados mais complexos, por necessitarem de uma equipe mais especializada e exigirem um maior trabalho de gestão dos ativos, tendem a cobrar taxas de administração maiores.

Já fundos que concentram suas aplicações em ativos mais padronizados, como títulos públicos, conseguem cobrar taxas significativamente menores.

No entanto, existem outras razões que também influenciam o valor das taxas cobradas.

Uma delas é a exigência de um volume mínimo de recursos aplicados: de um modo geral, quanto menor a aplicação inicial e o montante mínimo de permanência exigido, maior costuma ser a taxa de administração.

Além disso, fundos que permitem resgates de recursos em prazos curtos normalmente também exigem taxas mais elevadas.

Como são cobrados os custos nos fundos de investimento?

Como mencionamos, as taxas de administração e de performance são cobradas sobre o valor total aplicado no fundo e também sobre os rendimentos.

No caso da taxa de administração, sua cobrança é provisionada todos os dias. É como se a gestão anotasse uma fração dessa taxa todos os dias para facilitar a cobrança depois.

Assim, quando há alguma saída de recursos do fundo, seja pelo come-cotas, seja por algum resgate, o valor que o cliente deve pagar já está previamente calculado.

Linha d’água: como ela regula a taxa de performance?

Já no caso da taxa de performance, um aspecto importante é o conceito de linha d’água.

Ele estabelece o seguinte: se um fundo obteve rentabilidade inferior ao do índice de referência em um período anterior, a taxa de performance no período seguinte só poderá ser cobrada após essa diferença ser compensada.

Com isso, também se busca evitar a remuneração de desempenhos circunstanciais, privilegiando apenas o gestor que apresenta uma performance consistente.

A linha d’água (também chamada de cota-base) é igual ao valor da cota apurado na data da última cobrança da taxa de performance.

Assim, o cálculo da taxa deve considerar o valor da cota-base atualizado pela variação obtida pelo benchmark, levando em conta o tempo transcorrido.

Que outros custos incidem sobre aplicações em fundos?

Além das taxas de administração e de performance, existem outras taxas que podem ser cobradas pelos fundos de investimento. Confira a seguir:

Taxa de entrada

Também chamada de taxa de ingresso, tem sua incidência no momento da aplicação dos recursos. Por isso, ela reduz logo de início o valor investido.

Imagine um aporte de R$ 1 mil em um fundo que cobra taxa de ingresso de 5%. Essa taxa faz com que o valor efetivamente aplicado no fundo seja de R$ 950.

A cobrança dessa taxa é pouco comum, mas ocorria com bastante frequência nos fundos de previdência privada.

Taxa de saída

Como diz o nome, essa é uma cobrança sobre os resgates. Também comum nos fundos de previdência mais antigos, ela penaliza quem faz um saque que não esteja de acordo com o regulamento do fundo.

Nos casos em que ela é prevista, seu valor costuma ser de cerca de 5% do valor resgatado.

Sua intenção principal é incentivar a manutenção das aplicações pelo prazo originalmente planejado.

Impostos

Por fim, vale lembrar que também incidem impostos sobre a rentabilidade dos fundos de investimento: o Imposto de Renda (IR) e o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).

  • IOF: é aplicado sobre os resgates realizados em prazo inferior a 30 dias da aplicação original dos recursos. Pode consumir até 99% dos rendimentos;
  • Imposto de Renda (IR): é cobrado no momento do resgate e incide apenas sobre os rendimentos. Também é cobrado de forma antecipada por meio do come-cotas.

Como escolher o melhor fundo de investimento?

Um dos principais mantras do mercado financeiro é: rentabilidade passada não garante rentabilidade futura.

Explicando, significa que as condições do mercado mudam e que um fundo que rendeu bem no passado não necessariamente continuará tendo um bom desempenho.

Mas há algumas coisas que você pode observar para escolher bem os seus investimentos. Elas são:

  • rentabilidade histórica: vale olhar os números do fundo por mais de dois anos para saber se o rendimento é consistente. Vale também comparar com período ruins da economia para saber se ele conseguiu se sair bem;
  • custo-benefício: a taxa de administração do fundo vale a pena pela estratégia de investimento que ele oferece? Um fundo de renda fixa com taxa de administração de 2%, por exemplo, já vai levar embora boa parte do rendimento;
  • risco em relação ao retorno: o retorno que o seu fundo traz vale a pena em relação aos riscos que você tem ao investir na aplicação? Um profissional especializado pode te ajudar a avaliar esse ponto. 

Agora que você já sabe como as taxas de administração e de performance são cobradas, entender um pouco mais como elas impactam seus rendimentos? Confira o estudo que fizemos sobre fundos DI.

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