SÃO PAULO – A Boeing registrou em 2019 seu pior resultado financeiro desde 1997, em um período marcado principalmente pela crise envolvendo os modelos do 737 Max.
Nesta quarta-feira (29), a companhia divulgou o balanço referente ao quatro trimestre de 2019. No período, a Boeing apresentou um prejuízo de US$ 1 bilhão.
A companhia fechou o ano passado com um prejuízo de US$ 636 milhões. Para efeito de comparação, o resultado de 2018 foi de US$ 10,5 bilhões de lucro.
O problema mais grave foi com o principal motor do negócio: a venda de aeronaves comerciais, já que a a paralisação da produção do 737 Max afetou severamente essa vertical. A operação de vendas amargou um prejuízo de US$ 6,7 bilhões entre compras canceladas e entregas proibidas de serem realizadas.
Em 2019, a companhia entregou apenas 380 aviões comerciais, ante 806 no ano anterior. A consequência disso foi uma queda substancial na receita da divisão comercial, que passou de US$ 57,5 bilhões, em 2018, para US$ 32,3 bilhões, no ano passado.
Além disso, a Boeing incluiu em seu balanço uma despesa de US$ 2,6 bilhões adicionais às companhias aéreas clientes que sofreram com o aterramento do 737 Max. A montadora possui cerca de 400 jatos finalizados estacionados e proibidos de serem vendidos ou levantarem voo.
“Nós reconhecemos que temos muito trabalho a fazer”, disse Dave Calhoun, CEO da Boeing, em nota. “Nós estamos focados em colocar o 737 Max de volta ao trabalho e restaurar a longa confiança que o público tem na Boeing. Felizmente, a força do nosso portfólio de serviços provem uma liquidez financeira ideal para seguirmos um duro e disciplinado processo de recuperação”, conclui o executivo.
Na semana passada, o CEO afirmou que espera poder reiniciar a linha de montagem em dois ou três meses, mesmo que a aprovação final para que o modelo possa voar ainda não tenha saído.
De acordo com a Administração Federal de Aviação (FAA, na sigla em inglês), o 737 Max deve passar por um último voo teste ainda no primeiro semestre de 2020. Segundo a CNN, no total, esse ano de crise com o 737 Max custou a Boeing US$ 17 bilhões.
Problemas à parte
Embora a crise envolvendo as aeronaves 737 Max tenha sido a principal protagonista, os problemas da Boeing ficaram pior por conta da queda da demanda pelo seu mais lucrativo jato, o 787 Dreamliner.
Diante do clima tenso de guerra comercial entre China e EUA durante boa parte do ano passado, a procura pelo modelo caiu significativamente, forçando a Boeing a diminuir a produção e reduzir seu fluxo de caixa em um momento em que sua dívida não para de aumentar.
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