“Investir em fundos é fácil! Vai na plataforma da sua corretora, ordene os fundos pela maior rentabilidade dos últimos 12 meses e escolha os primeiros colocados”.
— Zé Cotinha, investidor despreparado
Ninguém que se diga analista de fundos ou assessor de investimentos repetiria isso. Estas é uma declaração inventada, mas que poderiam ser ditas por muitos investidores despreparados (às vezes chamados de Zé Cotinha).
Mas se ninguém sério disse isso, por que tanta gente investe em fundos tomando como parâmetro apenas o que este botãozinho mostra?
Aos que não sabem como funciona um fundo de investimento, um resumo breve. Em um fundo, há duas figuras principais: i) o gestor (geralmente um profissional com longa experiência), que, munido de uma equipe focada em acompanhar o mercado e com ferramentas necessárias para tomar melhores decisões, aloca o dinheiro nas melhores opções do mercado; ii) o cotista, que é quem “dá” o dinheiro para este fundo. Em poucas palavras: quando você aplica num fundo, você está terceirizando toda a tomada de decisão de investimento para um profissional – e por esse “serviço”, o gestor cobra taxas.
Posso dizer, como analista de fundos, que escolher o melhor fundo para investir não é uma tarefa tão trivial. Mas é justamente nessa dificuldade que muitos investidores simplificam o processo e escolhem fundos como eu escolhia doce quando criança: pela aparência – ou, no caso dos fundos, pela performance.
Embora pareça intuitivo, escolher fundos de investimentos olhando só para a rentabilidade de 12 pode ser muito perigoso. Poderíamos falar muito sobre isso, mas como valorizamos cada minuto de seu tempo, vou resumir esse perigo na frase mais clichê do mercado financeiro: rentabilidade passada não é garantia de retorno futuro.
Muitas vezes, um fundo estar entre os mais rentáveis significa apenas “corri mais riscos do que os outros no mercado, mas me dei bem!”. A pergunta aqui é: e quando ele correr riscos mas se der mal, o que acontecerá com a rentabilidade do fundo?
Em uma entrevista com o nosso querido Thiago Salomão, Florian Bartunek, gestor da Constellation, disse que prefere ficar no fim do primeiro quartil ou no começo do segundo. Fazendo uma analogia com futebol: se o ranking fosse a tabela da Libertadores, seria como se o fundo estivesse em 4° ou 6° colocado. Isso porque, segundo ele, o fundo que aparece como melhor do Brasil nesse quesito corre o risco de aparecer como um dos piores na próxima janela. Tudo isso para dizer que o curto prazo não vai apontar, de fato, qual o melhor fundo.
O foco em consistência de resultados em prazos mais longos é muito mais importante do que janelas de 12 meses.
Conclusão: diversifique e esqueça o curto prazo! Aquela máxima que investidores de ações usam de “não colocar todos os ovos no mesmo cesto” também vale para fundos. Gestores em geral são grandes profissionais e que podem ter resultados espetaculares no mercado, mas não podemos esquecer que eles são humanos, demasiadamente humanos, e estão expostos a problemas que podem até não estar ligados ao mundo dos negócios mas que podem abalar suas tomadas de decisões. Por isso, em vez de querer acertar “o fundo” e colocar todo o dinheiro nele, escolha alguns fundos e divida o dinheiro neles.
Não se iluda com a coluna da rentabilidade de 12 meses. A foto pode parecer bonita mas daqui 12 meses essa lista pode estar diferente.
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