SÃO PAULO – Mais uma vez, o noticiário corporativo deve ser ofuscado e muito pelo clima de aversão ao risco no mercado com os desdobramentos da agora declarada pandemia de coronavírus, com o maior pessimismo potencializado pelo discurso de Donald Trump, presidente dos EUA, que não animou (veja mais clicando aqui) e pela derrota do governo no Congresso que pode custar R$ 217 bilhões aos cofres públicos em 10 anos.
O ETF brasileiro EWZ cai mais de 12%, enquanto os ADRs PBR da Petrobras, equivalentes às ações ordinárias, despencam mais de 11% no pré-market da bolsa de Nova York, também refletindo a forte queda de mais de 7% do brent após Trump anunciar suspensão de voos da Europa para os EUA. Já os ativos da Vale caem mais de 6%, enquanto os ADRs do Itaú também têm baixa de cerca de 6%.
Justamente por conta de tamanha aversão ao risco do mercado, a Caixa Econômica Federal solicitou à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) a interrupção da análise da documentação referente ao registro da oferta pública de distribuição secundária de ações ordinárias (IPO, na sigla em inglês) da Caixa Seguridade, braço de seguros e previdência do banco. Também em destaque, estão os resultados, com atenção para BR Distribuidora. Confira o noticiário corporativo:
Petrobras (PETR3;PETR4)
A Petrobras informou que atingiu produção recorde no campo petrolífero de Búzios, que fica no pré-sal da Bacia de Santos. Segundo a estatal, em 10 de março a empresa atingiu a marca de 640 mil barris de óleo diários extraídos no local, ou 790 mil barris por equivalência (boe) por dia. A Petrobras informou que atualmente quatro plataformas, P-74, P-75, P-76 P-77, extraem petróleo no local em alto-mar. A empresa planeja deslocar mais duas plataformas para o campo de Búzios em 2022 e 2024, como parte do seu plano estratégico.
Vale (VALE3)
A Vale comunicou na noite de ontem que instalará um Comitê de Auditoria na empresa. O objetivo da companhia é melhorar a governança corporativa. O Comitê terá a função expressa de auxiliar o Conselho de Administração da Vale na tomada de decisões nos assuntos internos e corporativos. O Comitê terá um mínimo de três pessoas. Para compor o primeiro Comitê, foram escolhidas a economista Isabella Saboya de Albuquerque e a advogada Luciana Pires Dias.
BR Distribuidora (BRDT3)
No primeiro balanço anual da BR Distribuidora após a privatização, o lucro da empresa foi de R$ 2,2 bilhões, contra R$ 3,2 bilhões em 2018, uma queda de 31,2%. No quarto trimestre, o lucro foi de R$ 96 milhões, abaixo do lucro de R$ 1,6 bilhão registrado há um ano.
“Apesar da redução no lucro líquido do exercício, o resultado de R$ 2,2 bilhões é bastante relevante e reflete o empenho dedicado ao melhor gerenciamento do passivo da companhia e reforça a trajetória de resultados positivos e de rentabilidade”, afirmou a empresa no relatório ao mercado.
O Ebtida somou R$ 214 milhões no quarto trimestre do ano passado, queda de 51% ante o quarto trimestre de 2018. Já o Ebitda ajustado no ano ficou em R$ 3,1 bilhões em 2019, 24% a mais do que em 2018, e em R$ 952 milhões no quarto trimestre, alta de 47,3% contra igual período do ano anterior.
No quarto trimestre de 2019, as vendas da BR Distribuidora, líder de mercado, caíram 4,6%, para 9,9 bilhões de metros cúbicos, contra 10,4 bilhões de metros cúbicos no quarto trimestre do ano anterior. No ano, a queda nas vendas foi de 3,2%, para 40,1 bilhões de metros cúbicos, ante 41,5 bilhões de metros cúbicos em 2018.
A receita líquida com as vendas atingiram caíram 2,8% no ano passado, para R$ 94,9 bilhões frente a 2018, enquanto a dívida líquida da empresa subiu 87,3%, para R$ 4,4 bilhões.
Após uma reestruturação após a mudança de empresa estatal para empresa privada, a BR Distribuidora fechou 2019 com 2.278 empregados, contra 3.134 em 2018, resultado de um plano de incentivo lançado pela companhia.
O aumento da dívida da companhia ocorreu em função, principalmente, da redução do caixa e aplicações no montante de R$ 885 milhões, do reconhecimento dos arrendamentos mercantis em virtude da adoção do IFRS 16, que passou a vigorar a partir de janeiro de 2019, cujo montante em dezembro é de R$ 799 milhões, e da captação de R$ 500 milhões de NCE (Nota de Crédito à Exportação).
“Para o cálculo da dívida líquida, foi considerado o saldo da aplicação no FIDC (Fundo de Investimento em Direitos Creditórios) de R$ 190 milhões. O custo médio da dívida bruta da Companhia em 31 de dezembro de 2019 é de 6,0% a.a. (7,0% a.a. em 31 de dezembro de 2018)”, informou a companhia.
Azul (AZUL4)
A Azul publicou balanço na manhã de hoje e informou que obteve um lucro líquido ajustado de R$ 436,7 milhões no quarto trimestre de 2019, uma expansão de 352,2% sobre igual período de 2018. No fechamento do ano de 2019, o lucro líquido avançou 35,6% para R$ 1,2 bilhão. O lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) foi de R$ 1,22 bilhão no quarto trimestre do ano passado, crescimento de 61,8% sobre igual trimestre de 2018.
A margem Ebitda foi de 37,8% no quarto trimestre, ante 31% no quarto trimestre de 2018. Já o Ebitda de 2019 consolidado cresceu 34% para R$ 3,62 bilhões. A Azul explica os resultados mais fortes do quarto trimestre pelo crescimento de 31,1% na demanda de passageiros no período, ao mesmo tempo em que seu aumento de capacidade cresceu menos, 30%. A taxa de ocupação no período cresceu 0,4 ponto porcentual, para 83,4%. Outro crescimento expressivo da companhia aérea no quarto trimestre foi no transporte de cargas, que avançou 53%. Em 2019 consolidado, o transporte de cargas cresceu 45% sobre 2018.
A Azul também informou que durante o ano passado acelerou a modernização da sua frota, essencial para reduzir o consumo de combustíveis com aviões mais econômicos. A empresa encerrou 2019 com 140 aeronaves, incluindo 47 das novas gerações da Airbus e da Embraer. O aumento no número de passageiros pagantes entre 2018 e 2019 foi expressivo, de 23,1 milhões em 2018 para 27,6 milhões no ano passado. Os custos da Azul, contudo, também cresceram. Houve expansão de 21,8% nos custos e despesas operacionais no quarto trimestre de 2019, sobre 2018, para R$ 2,5 bilhões. O aumento nos preços do querosene de aviação foi o principal fator, com alta de 8,4% para R$ 831 milhões no trimestre. As tarifas aeroportuárias subiram 30,6%, ou R$ 45 milhões, no período. Mas o preocupante na Azul é o alto endividamento. A dívida líquida da empresa cresceu 47,1% durante 2019, sobre 2018, para R$ 11,9 bilhões. A empresa aérea fechou 2019 com uma relação dívida líquida sobre o Ebitda em 3,3 vezes (3,3x), nível relativamente elevado.
O executivo-chefe da Azul, John Rodgerson, escreveu na mensagem do balanço que a empresa monitora os possíveis impactos do coronavírus no Brasil, mas mantém os seus planos de expansão para 2020. A empresa encerrou 2019 com R$ 4,3 bilhões em caixa.
SLC Agrícola (SLCE3)
A SLC Agrícola publicou balanço na noite de ontem e reportou um lucro líquido de R$ 88 milhões no quarto trimestre de 2019, uma expansão de 165% em comparação a igual período de 2018. No consolidado de 2019, a empresa lucrou R$ 315 milhões. Houve uma queda de 22,5% em comparação a 2018. A empresa informou que o lucro teve retração porque a colheita do algodão rendeu uma margem menor na safra 2018-2019. O Ebitda ajustado da empresa foi de R$ 277 milhões no quarto trimestre de 2019, um crescimento de 1,9% sobre igual período de 2018.
Melhoramentos (MSPA3)
A Companhia Melhoramentos de São Paulo publicou ontem demonstrativo financeiro relativo ao ano passado. A empresa teve em 2019 um prejuízo de R$ 36,5 milhões, ante um lucro de R$ 4,6 milhões em 2018. A receita operacional líquida, que em 2018 foi de R$ 137,6 milhões, em 2019 caiu para R$ 121,7 milhões. A Melhoramentos é uma das editoras mais antigas de São Paulo. A empresa foi fundada em 1890.
IPO da Caixa Seguridade
Diante da atual conjuntura do mercado, a Caixa Econômica Federal solicitou à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) a interrupção da análise da documentação referente ao registro da oferta pública de distribuição secundária de ações ordinárias (IPO, na sigla em inglês) da Caixa Seguridade, braço de seguros e previdência do banco.
No início da semana, a instituição havia informado intenção de suspender a oferta por três meses devido à turbulência dos mercados. No último dia 10, porém, a subsidiária afirmou que seu acionista controlador não tinha formalizado “qualquer mudança de decisão acerca da oferta”. A operação é estimada em R$ 15 bilhões.
Em fato relevante divulgado nesta quinta-feira, 12, o banco acrescenta que consequentemente a Caixa Seguridade deve encaminhar à B3 o pedido de interrupção da análise da documentação referente à sua admissão e listagem no Novo Mercado.
OdontoPrev (ODPV3)
Na Odontoprev, Luis André Blanco renunciou à diretoria financeira.
(Com Agência Estado)
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