SÃO PAULO – Caso a os Jogos Olímpicos de Tóquio não possam ser realizados nesse ano devido ao coronavírus, o ideal seria um adiamento de um ou até dois anos, afirmou Haruyuki Takahashi, membro do grupo executivo do Comitê Organizador do evento.
Em entrevista ao jornal americano The Wall Street Journal, Takahashi afirmou que, caso o surto da doença mantenha números de contágio e morte preocupantes, a opção mais realista e segura seria pular 2020. “Eu não acho que os Jogos seriam cancelados. O cenário mais real seria um adiamento”, disse.
Para o executivo, o maior dano neste cenário seria o financeiro. No entanto, ele acredita que adiar é melhor do que um cancelamento definitivo ou a realização das Olimpíadas sem nenhum público, por exemplo.
Um outro problema no adiamento do evento seria a falta de datas para a realização dos Jogos. Em 2021, a Olimpíada entraria em conflito com campeonatos mundiais de diversas modalidades, como beisebol, handebol e futebol americano. Já em 2022, a Copa do Mundo do Catar está marcada para ocorrer entre novembro e dezembro.
Segundo a Kyodo News, agência de notícias japonesa, um cancelamento da Olimpíada de Tóquio 2020 reduziria o crescimento anual do Produto Interno Bruto (PIB) do Japão em aproximadamente 1,4%.
Mas, por enquanto, a ideia de cancelamento ou adiamento dos jogos nem sequer foi levantada, segundo o Comitê Olímpico Internacional (COI), que se reuniu na última quarta-feira (4).
O COI explicou que trata com muita atenção avanço da Covid-2019 e que está seguindo as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS).
“Posso dizer que, na reunião do conselho executivo, o cancelamento ou adiamento não foram sequer mencionados. É claro que somos uma organização responsável. É por isso que temos essa força-tarefa conjunta que realiza reuniões regulares e estamos tratando de quaisquer problemas que possam surgir, mas não estamos especulando sobre nenhum tipo de desenvolvimento futuro”, afirmou Thomas Bach, presidente do comitê.
De todas as edições dos Jogos Olímpicos, apenas três foram canceladas: nos anos de 1916 (Berlim, Alemanha), 1940 (Tóquio, Japão) e de 1944 (Londres, Reino Unido) em virtude das duas Grandes Guerras.
Coronavírus x eventos esportivos
Com um possível cancelamento das Olimpíadas, o Japão, um dos países com alto número de infectados, pode sofrer – em uma escala muito maior – o que diversos países estão enfrentando com o coronavírus: o efeito colateral sobre eventos esportivos.
Na Itália, maior foco de contaminação fora da Ásia, o esporte já está sentindo os efeitos colaterais do avanço da Covid-2019.
Na última segunda-feira (9), Giuseppe Conte, primeiro-ministro italiano determinou que todos os eventos esportivos do país estão temporariamente suspensos – o que impacta na tradicional Serie A, campeonato nacional de futebol do país.
A suspensão dos eventos esportivos afeta de forma mais incisiva Juventus, Atalanta, Inter de Milão e Roma, já que esses times disputam competições europeias e não terão o mando de campo em seus estádios em jogos importantes – pelo menos enquanto a quarentena do país estiver em vigor.
Na Ásia, o Grande Prêmio (GP) da China de Fórmula 1, marcado para ocorrer em abril, foi adiado pela Federação Internacional de Automobilismo.
Já o GP de Bahrein, que irá acontecer no dia 22 de março, acontecerá sem público. O Campeonato Mundial de Ginástica em Doha, no Catar, também seguirá esse protocolo e ocorrerá entre os dias 18 e 21 de março de portões fechados.
Nos EUA, um dos principais torneios de tênis, o Masters 1000 de Indian Wells (ou o BNP Paribas Open), que seria disputado na Califórnia também neste mês, foi oficialmente cancelado.
Aleksander Ceferin, presidente da União das Associações Europeias de Futebol (UEFA, na sigla em inglês), afirmou que é impossível prever quais problemas podem surgir ao organizar a competição, mas que o vírus é a maior preocupação para a realização da Eurocopa 2020.
O suíço Gianni Infantino, presidente da FIFA, também endossa a preocupação na realização da Eurocopa 2020.
“Não podemos descartar nada, mas não podemos entrar em pânico. Pessoalmente, não estou preocupado, mas devemos avaliar seriamente a situação, embora esperamos não avançar em direção a uma suspensão de eventos em escala global”, afirmou Infantino.
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