SÃO PAULO – Como já virou costume no mercado, o resultado do Magazine Luiza (MGLU3) surpreendeu os investidores e os analistas. Porém, desta vez, chamou atenção uma elevação das despesas, e consequente queda de margem e lucro.
No quarto trimestre do ano passado, a varejista registrou uma alta de 50,6% em suas despesas operacionais, número potencializado ainda pela aquisição da Netshoes. Por conta disso, o lucro líquido ajustado no período recuou 0,5%, para R$ 185,3 milhões, que mesmo assim ficou acima da melhor das projeções compiladas pela Bloomberg, que era de R$ 153 milhões.
A explicação para este recuo nos números veio da própria empresa: foco na melhora do serviço. Em entrevista ao InfoMoney, Roberto Bellissimo Rodrigues, diretor financeiro e de relações com investidores do Magalu, apontou que desde o segundo semestre de 2018 a companhia decidiu investir mais no cliente e no serviço que presta.
Por conta disso, segundo ele, a varejista “abriu mão” de dois pontos percentuais de margem Ebitda em favor do crescimento e nível de serviço. No último trimestre, a margem Ebitda (Ebitda/receita líquida) ajustada teve baixa de 1,4 ponto percentual sobre o ano anterior, a 6,2%, enquanto que no ano a queda foi de 1,3 ponto, a 6,6%.
Rodrigues explica que os efeitos positivos colhidos desta queda de margem compensaram e ressaltou que a empresa seguirá focada não só em melhorar seu nível de serviço, mas não que não deixou de estar atenta a possíveis novas aquisições.
E o mercado parece ter visto da mesma forma. Nesta segunda-feira (17), as ações MGLU3 chegaram a abrir com ganhos, ainda que mais tímidos, mas ganharam força durante o dia e, na máxima chegaram a subir 6,37%, a R$ 59,92.
O executivo destaca que, após focar no cliente e no crescimento nos dois últimos anos, o lema do Magalu em 2020 é aumentar o sortimento, algo que é reforçado pelas recentes aquisições feitas pela empresa, como a Netshoes e Estante Virtual.
Para a equipe de analistas da XP Research, “a entrada da companhia em novas categorias por meio das aquisições concluídas ao longo dos últimos anos e o crescimento do marketplace devem continuar a contribuir para a expansão do sortimento de produtos oferecido pelo Magalu”.
Segundo eles, além do fato do lucro ter surpreendido positivamente, os investimentos na plataforma de serviços e captação de clientes devem seguir contribuindo para o crescimento acelerado da varejista em 2020. “Esperamos que isso seja suportado pela posição de caixa de R$ 4,7 bilhões ao final do ano, e vemos espaço para potenciais surpresas positivas em relação à estratégia de alocação de capital da companhia”, completam.
Na mesma linha, Victor Saragiotto e Pedro Pinto, do Credit Suisse, afirmam que “a palavra de ordem para Magalu é crescimento, que parece interminável no futuro próximo”. Assim como a XP, eles também acreditam que a estrutura e caixa criados pela companhia devem manter o cenário positivo e deixar pouco espaço para uma decepção.
Apesar do otimismo, as duas casas de análise destacaram o mesmo desafio: valorização das ações. Os analistas afirmam que enxergam um potencial limitado para os papéis e por isso mantêm uma recomendação neutra.
Segundo dados compilados pela Bloomberg, atualmente o Magalu tem 8 recomendações de compra, 6 neutras e apenas uma de venda. A XP explica que esta alta limitada para as ações é justificada pelo fato dos papéis estarem negociando a um múltiplo de 2,4 vezes em relação às vendas totais (GMV), contra 1,5 vez no caso da B2W.
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