SÃO PAULO – O Ministério da Saúde confirmou nesta quarta-feira (26) o primeiro caso de uma pessoa infectada com o coronavírus no Brasil – e primeiro na América Latina. Após um teste dar positivo no hospital Albert Einstein na noite de ontem, um exame de contraprova feito pelo instituto Adolfo Lutz confirmou o caso.
Em coletiva, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou que a contraprova foi feita por segurança e que a partir deste primeiro caso poderá ser avaliado como o vírus “se comportará em um país tropical”. “Vamos mapear para tentar entender o deslocamento do vírus”, disse.
Segundo o ministro, agora se passa para uma “nova etapa”, em que serão tomadas providências para mitigar os efeitos da doença. Além disso, ele destacou que é possível que o número de casos suspeitos aumente no País porque aumentou o número de países considerados de risco.
“Passamos a uma nova fase de providências, no sentido de mitigar os efeitos da doença em SP e em todo Brasil. Nosso comitê de emergência está reunido em SP, e de tarde vamos nos juntar a eles para falar sobre o que deve ser feito. Não muda muito com relação aos casos suspeitos, mas agora temos uma patologia confirmada”, afirmou Mandetta.
O Ministério atualizou o número de casos suspeitos para 20, sendo a maioria em São Paulo, com 11. Além disso, o total de casos descartados passou para 59.
De acordo com o Ministério, trata-se de um homem de 61 anos, residente em São Paulo, que “traz o histórico de viagem para a Itália, na região da Lombardia (norte do país), a trabalho, sozinho, no período de 9 a 21 de fevereiro”. A Itália é o país europeu mais afetado pela doença.
Na coletiva, foi informado que o paciente “está bem” e segue isolado em sua casa junto da família.
“Não tem como fechar fronteiras. É uma gripe. Como todo vírus, a medida de melhor controle é por etapas, é termos agilidade [no diagnóstico]”, disse Mandetta ressaltando que o sistema de saúde fez tudo com muita rapidez.
Na segunda-feira (24) o Ministério da Saúde ampliou os critérios para definição de caso suspeito para o novo coronavírus. Agora, também estão enquadradas dentro desta definição as pessoas que apresentarem febre e mais um sintoma gripal, como tosse ou falta de ar, e chegando dos seguintes países: Alemanha, Austrália, Emirados Árabes, Filipinas, França, Irã, Itália e Malásia. A lista já incluía, além da China, Cingapura, Coreia do Sul, Coreia do Norte, Camboja, Japão, Tailândia e Vietnã.
Em apresentação, o Ministério explicou que o coronavírus é conhecido desde 1960 e que o nome desta nova doença é chamada de Covid-19. Segundo secretário de Vigilância em Saúde, Wanderson Kleber de Oliveira, esta doença está sendo investigada, mas por enquanto apresenta gravidade de leve a moderada.
“Estamos na fase de contenção, que é evitar que o vírus se espalhe. Caso se espalhe, vamos para a fase de mitigação”, disse.
Ele afirmou ainda que, pelos dados atuais, cada pessoa infectada pode transmitir a doença para outas duas ou três pessoas, mas que alguns casos chegam a sete. Citando dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), o secretário ressaltou que o período de incubação varia de 0 a 14 dias, mas que alguns estudos apontam que os sintomas surgem em 9 a 10 dias.
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