quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020

Os “opostos” se atraem: o novo normal do Brasil é bolsa e dólar em alta juntos

Dólar

Antigamente era muito claro que, se você estava otimista, deveria comprar ações; se estava pessimista, deveria comprar dólar. Afinal, estes dois mercados tinham correlação negativa (quando um subia, o outro caía, e vice-versa).

Essa relação foi verdade de 2002 até 2016. Dali para frente essa relação mudou, e as altas dos dois mercados começaram a acontecer juntas.

Mas por que isso mudou?

Para entender melhor este processo trouxemos ao Stock Pills dessa semana José Rocha, o Zé, da Dahlia Capital. Em uma frase: a política econômica brasileira mudou muito. “O Brasil era um país de fiscal frouxo [gastava demais] e monetário duro [juros altos]; hoje, somos um país de fiscal duro e monetário frouxo”, afirma. “Em qualquer país que experimenta esse tipo de política os ativos em moeda local se valorizam, e sua moeda se deprecia.”

Ou seja, o que antes era “compre um ou o outro”, hoje é “compre ambos”. A própria Dahlia carrega essa estratégia em seu fundo Total Return desde o início.

“Nos últimos 30 anos, o que o Brasil mais exportou não foi soja nem minério de ferro, foi o juro real. Capital especulativo entrava aqui única e exclusivamente pra comprar título de dívida pública, fazendo o dólar ficar permanentemente muito baixo”, descreve Zé.

Antes um capital “infiel”, especulativo, vinha para o Brasil beber dessa fonte de juro real alto, agora que o juro atingiu sua mínima histórica, diminuindo esse diferencial de juro perante ao resto do mundo, esse capital foi embora. O Brasil agora tem o desafio de atrair o capital “de longo prazo”, e para isso vai precisar entregar crescimento econômico, o que ainda não vimos por aqui.

Todo esse cenário de juro elevado com dólar controlado foi para ele um dos principais fatores do processo de desindustrialização que tivemos no país recentemente. Isso porque o juro alto desincentiva a produção e o dólar artificialmente controlado incentiva a importação. Isso tudo, no limite, tira nossa capacidade industrial.

Ou seja, realmente o dólar está encarecendo a viagem de férias de muita gente, mas não necessariamente essa é uma má notícia para o Brasil. “As pessoas associam o dólar subir como sendo uma coisa ruim, mas bolsa sobe e dólar sobe por quê? Estamos vendo a primeira desvalorização cambial benigna desde 1999. Dólar alto vai ajudar no processo de substituição de importações, vai ajudar a indústria local, gerar empregos, e assim contribuir para uma melhora mais rápida para o PIB.”

Para saber mais detalhes sobre a verdadeira aula sobre dólar de José Rocha, escute abaixo o Stock Pills que preparamos para vocês:

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Antigamente era muito claro que se você estava otimista, deveria comprar ações, se estava pessimista, deveria comprar dólar, afinal estes dois mercados tinham correlação negativa (quando um subia, o outro caia, e vice-versa). Essa relação era uma verdade de 2002 até 2016, porque dali para frente essa relação mudou, foi máxima atrás de máxima em ambos os mercados. Por que isso mudou? Para entender isso melhor trouxemos no Stock Pills dessa semana, José Rocha, da Dahlia Capital. Uma verdadeira aula viva do mercado. Resumidamente, houve uma mudança na política econômica brasileira, “Zé” explica isso muito bem com uma frase: “Brasil era um país de fiscal frouxo e monetário duro; hoje, somos um país de fiscal duro e monetário frouxo” Ele ainda complementa: “Qualquer país no mundo que experimenta esse tipo de política: seus ativos em moeda local se valorizam, e sua moeda se deprecia.” Ou seja, o que antes era “compre um ou o outro”, hoje é “compre ambos”. A própria Dahlia carrega essa estratégia em seu fundo Total Return desde o início. Tudo isso porque: “Nos últimos 30 anos, o que o Brasil mais exportou não foi soja nem minério de ferro, foi o juro real. Capital especulativo entrava aqui única e exclusivamente pra comprar título de dívida pública, fazendo o dólar ficar permanentemente muito baixo”. Antes um capital “infiel”, especulativo, vinha para o Brasil beber dessa fonte de juro real alto, agora que o juro atingiu sua mínima histórica, diminuindo esse diferencial de juro perante ao resto do mundo, esse capital foi embora. O Brasil agora tem o desafio de atrair o capital “de longo prazo”, e para isso vai precisar entregar crescimento econômico, o que ainda não vimos por aqui. Todo esse cenário de juro elevado com dólar controlado foi para ele um dos principais fatores do processo de desindustrialização que tivemos no país recentemente. Isso porque o juro alto desincentivo a produção e o dólar artificialmente controlado incentiva a importação, o que no limite, tira nossa capacidade industrial. Ou seja, realmente o dólar está encarecendo a viagem de férias de muita gente mas não necessariamente é uma “má notícia” para o Brasil.

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Apresentado por Thiago Salomão, analista da Rico Investimentos, e Renato Santiago, do InfoMoney, o Stock Pickers é um podcast que vai ao ar toda quinta-feira. Você pode seguir e escutar pelo Spotify, Spreaker, Deezer, iTunes e Google Podcasts.

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