SÃO PAULO – O temor sobre o coronavírus chinês segue afetando negativamente o mercado, e isso não deve acabar tão cedo. Apesar disso, o analista Thiago Lofiego, do Bradesco BBI, mantém uma visão otimista para o setor de mineração e siderurgia, acreditando que a partir do segundo trimestre o cenário deve voltar a melhorar.
Em relatório publicado no domingo (9), Lofiego diz os investidores devem se preparar para uma maior volatilidade nas próxima semanas, citando que as quedas das ações podem ser boas oportunidades de compra.
“Estamos lentamente aumentando posições a nomes como Vale, Gerdau, Usiminas e GMEX, pois esperamos uma normalização [do mercado] a partir do segundo trimestre”, afirma o analista.
Desde o dia 20 de janeiro, quando teve início a queda dos papéis por conta dos temores com o coronavírus, as ações da Vale já recuaram 11,4%, enquanto a Gerdau teve perdas de 9,2%. No mesmo período, o Ibovespa caiu 5,4%.
A exceção fica com a Usiminas, que recuou de apenas 2,7%, favorecida por uma disparada de 14% das ações apenas no dia 22 por conta de um relatório também do Bradesco BBI, que na ocasião apontou a empresa como sua favorita e disse que o papel estava bastante descontado.
Visando esta recuperação, o BBI agora mantém suas estimativas de preços de aço, minério de ferro, cobre, zinco e níquel para 2020, ressaltando que o impacto na demanda por conta do coronavírus deve ser “transitório” e provavelmente será compensado nos próximos meses.
Também em relatório, o Credit Suisse destacou que o minério de ferro teve o pior momento com o vírus chinês. “O minério de ferro foi precificado para uma demanda robusta e oferta reduzida no primeiro trimestre, mas o vírus levou ao oposto, com a demanda ausente e os estoques portuários provavelmente aumentando”, dizem os analistas.
O Credit destaca que algumas siderúrgicas recentemente diminuíram a produção em 20% a 25% devido à escassez de matérias-primas causadas por restrições no transporte rodoviário. Por outro lado, o banco aponta que a maioria das usinas deve ter suprimento adequado, a menos que as restrições rodoviárias continuem na segunda metade de fevereiro.
No caso do minério de ferro, o Bradesco BBI vê a commodity negociando entre US$ 75 e US$ 85 no curto prazo.
Do lado negativo, Lofiego aponta para as restrições de transporte, estoques ainda em níveis confortáveis nas siderúrgicas e altos nos portos chineses. Por outro lado, favorece o mercado a oferta sazonalmente ainda baixa do Brasil e possíveis interrupções no fornecimento na Austrália por conta da temporada de ciclones, deixando o cenário mais equilibrado.
“Por enquanto, esperamos que o impacto do coronavírus seja contido durante o primeiro trimestre, com a combinação de demanda reprimida e outros estímulos do governo ajudando a aumentar os preços das commodities nos meses seguintes”, afirma o analista.
Do lado das produtoras de minério, ele avalia que a perda potencial de embarques pode ser compensada nos próximos trimestres, enquanto no caso das siderúrgicas, o analista está otimista com a dinâmica da demanda local, além de esperar que a pressão internacional de preços ameace a alta dos preços domésticos, dado que o real está mais depreciado e ainda existem descontos para o material importado.
Com isso, ele reforça que suas ações favoritas no setor são as brasileiras Vale (VALE3), Gerdau (GGBR4) e Usiminas (USIM5), além da mexicana GMEX.
O Credit Suisse, por sua vez, apontou em relatório na última semana que os potenciais impactos temporários do coronavírus sobre a demanda podem ser compensados pela aceleração das medidas de estímulo na China nos próximos trimestres.
Neste cenário, os analistas do banco suíço mantêm recomendação outperform (desempenho acima da média) para os ativos, destacando que o valuation está descontado em relação aos pares e também tendo em vista a perspectiva de pagamentos de proventos ainda em 2020.
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