terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

Taxa de câmbio: entenda como ela funciona!

Quando você começa a estudar sobre o mercado financeiro, percebe que existem diversas nomenclaturas e termos específicos da área e que eles precisam ser bem entendidos, principalmente pelo fato de afetarem os investimentos. Um deles é a taxa de câmbio.

Certamente você já ouviu falar sobre isso em notícias e até em conversas ligadas à economia. Mas você sabe bem o que ela é, como funciona, de que maneira influencia o mercado e como pode afetar uma carteira de investimentos?

É sobre isso que falaremos neste artigo. Continue conosco e saiba mais sobre o assunto!

Afinal, o que é taxa de câmbio?

De forma simples, podemos dizer que a taxa de câmbio é o preço de uma moeda estrangeira em relação ao valor que a moeda nacional tem.

Ou seja, ela determina quanto precisamos ter para comprar o dinheiro de outro país.

Na prática, para ficar ainda mais fácil de entender, você já deve ter visto por aí quando dizem que o dólar está custando um determinado valor de reais.

O câmbio é essa relação de quantos reais são necessários para adquirir um dólar — ou qualquer outra moeda. Além disso, ela também está ligada a negociações comerciais e transações de troca entre os países.

Contudo, vale destacar que esse preço não é o mesmo para operações de compra e venda de moeda, o que chamamos de câmbio comercial. E ainda temos o câmbio turismo, para viagens ao exterior.

Entenda melhor nos tópicos a seguir:

Câmbio comercial

É a taxa utilizada como referência no mercado para transações entre empresas e países. É por meio dela que se recebe ou se faz o pagamento de operações de importação ou exportação.

Dessa forma, quando o dólar comercial (visto que essa moeda é referência, usaremos bastante como exemplo) está alto, quem exporta produtos ou serviços lucra mais, já que é mais dinheiro para cada real ganho.

Por outro lado, os importadores são prejudicados, uma vez que precisam pagar mais para receber os produtos ou serviços que adquirem de fora.

O contrário acontece nos dois casos quando o dólar está barato: exportadores lucram menos e importadores são beneficiados.

Câmbio turismo

Quando se trata de câmbio turismo, estamos falando de transações de compra e venda de moeda estrangeira para quem pretende fazer viagens ao exterior.

Nesse caso, a taxa é baseada na cotação comercial do dinheiro do país de destino em relação ao preço do real.

Porém, aqui é preciso incluir na conta do valor cambial:

  • custos administrativos;
  • custos de importação;
  • custos de segurança;
  • custos de logística;
  • impostos;
  • estoque da moeda.

Devido a essas cobranças adicionais, o dólar turismo acaba sendo maior que o comercial.

Então, se você for planejar uma viagem para o exterior, precisa atentar para a cotação correta na hora de fazer as contas — caso se baseie no dólar comercial, há o risco faltar uma parte do dinheiro necessário na hora de fazer a conversão do montante que você juntou.

Quais são os tipos de taxa de câmbio?

Além dos tipos de câmbio, ainda há os tipos de taxa de câmbio. Nos próximos tópicos, explicamos cada um deles.

Taxa de câmbio nominal

Essa é a mais comum e conhecida pela população em geral. Representa o conceito simples que já explicamos: é o custo de uma moeda em relação a outra. Então, quando falamos que 1 dólar custa R$ 4, estamos nos referindo à taxa de câmbio nominal.

Ela varia de acordo com a oscilação das bolsas de valores que existem pelo mundo afora.

Taxa de câmbio real

Já nesse caso, os valores passam pela correção dos índices internos e externos de inflação.

Taxa de câmbio real efetiva

Esta, por sua vez, considera o grau de interferência de determinado país nos fluxos das transações comerciais.

Quais são os regimes cambiais?

Além dos tipos de taxas de câmbio existentes, existem os regimes cambiais. Eles são formados por um conjunto de acordos e regras que definem as transações financeiras entre as nações, e é por meio deles que a taxa de câmbio é formada.

Conheça mais sobre eles nos próximos tópicos:

Fixo

O câmbio fixo é determinado pela autoridade monetária de um país — aqui no Brasil, é o Banco Central — e, como o nome sugere, ele não se altera.

Os principais motivos para que esse regime seja colocado em prática é a tentativa de estabilizar o valor da moeda, evitar a alta da inflação e eliminar o risco cambial, que pode gerar perdas substanciais em negociações importantes.

Para mantê-lo, o governo atua no mercado comprando e vendendo a própria moeda a um preço fixado.

Flutuante

Nesse regime, o governo não interfere diretamente e deixa que o próprio mercado estabeleça o câmbio, e isso é feito com base na oferta da lei e da procura.

Contudo, podem existir casos em que o Banco Central venha a atuar a fim de evitar grandes oscilações ou mesmo influenciar as taxas de câmbio.

Atrelado

Aqui, a autoridade monetária interfere no câmbio. Contudo, essa influência é feita exclusivamente para manter as variações das taxas dentro de um limite mínimo e máximo. Esse intervalo é conhecido no mercado como banda cambial.

Porém, para que ele seja colocado em prática, é necessário que essa autoridade mantenha reservas internacionais que sejam suficientes para efetuar a compra e a venda de moeda, mesmo que o país esteja passando por alguma crise econômica.

Qual é a diferença entre taxa de compra e taxa de venda?

Você já ouviu falar de preço de venda do dólar e preço de compra do dólar? Esses termos existem porque, de fato, os valores praticados nessas operações não são os mesmos.

Se você deseja comprar moeda estrangeira em bancos, casas de câmbio ou qualquer outra instituição autorizada, vai fazer uma transação com base na taxa de venda.

Já no caso de ser a instituição quem compra a moeda estrangeira, a taxa aplicada é a de compra.

De modo geral, a taxa de venda é mais alta que a de compra, da mesma forma como acontece com os empréstimos bancários: os juros cobrados do consumidor sempre serão mais altos que os juros pagos em um CDB, por exemplo.

Entenda o que é a PTAX

Essas cotações para compra e venda não são as mesmas que o Banco Central divulga diariamente para certas moedas, como o euro e o dólar.

Basicamente, é feita uma média entre as operações de todas as pessoas e empresas que operam comprando e vendendo, e isso é a chamada PTAX: a taxa definida pelo Banco Central que é usada como referência por instituições que trabalham com o câmbio.

Como a taxa de câmbio é calculada?

Agora que você entende um pouco melhor os conceitos, vamos partir para a parte mais prática.

Existem diversas variáveis que influenciam, para cima ou para baixo, a taxa de câmbio de determinada moeda em relação a outra. A principal delas é a chamada lei de oferta e procura.

Então, se uma moeda é forte e muito procurada pelos países, certamente ela será mais cara que outras. É por isso que sempre vemos o dólar valorizado, uma vez que muitas negociações entre nações no mundo inteiro a utilizam como referência.

Além disso, questões econômicas e políticas também podem enfraquecer ou fortalecer uma moeda e interferir no preço final da taxa de câmbio. O cálculo é realizado com base nesses fatores e no regime cambial adotado pelo país.

O que influencia a taxa de câmbio?

Qualquer fator afeta a taxa de câmbio, mas os mais influentes estão ligados à economia e à política.

Dessa forma, sempre que o país passa por algum momento de instabilidade e tem a economia afetada, há variação no câmbio, tornando as principais moedas estrangeiras mais caras.

Como ela varia

A variação da taxa de câmbio é influenciada por inúmeros fatores, sendo os principais:

  • a forma de entrega da moeda estrangeira;
  • a origem da operação;
  • os custos administrativos;
  • o prazo de liquidação;
  • o valor da operação.

Como ela impacta a economia?

Existem economistas que defendem que a taxa de câmbio é intrínseca à economia e afeta tudo, uma vez que interfere na inflação e também nos preços praticados no mercado interno — e isso vale até mesmo para produtos que são produzidos aqui dentro.

Se existe algum produto, como o trigo, que é produzido no Brasil, mas que não é capaz de suprir toda a demanda, é necessário fazer a importação.

Com o dólar caro, os preços vão subir internamente, afetando o preço do pão e de outros itens fabricados a partir do cereal.

Além do mais, existem matérias-primas que, mesmo existindo em abundância aqui, têm seus preços baseados no dólar. Qualquer variação que houver na taxa de câmbio afeta o valor desses itens no Brasil também.

No setor da indústria, os efeitos são muitas vezes imediatos, visto que se trabalha com bastante produto importado.

Você se lembra do exemplo que mostramos ali em cima sobre os efeitos do preço do dólar para importadores e exportadores? É o raciocínio aplicado aqui.

Como a instabilidade afeta a taxa de câmbio

Como você já sabe, qualquer instabilidade política ou econômica pode afetar a taxa de câmbio.

Então, se as notícias não forem boas e despertarem a desconfiança de quem investe — empresas e bancos, por exemplo —, é provável que a taxa suba, tornando o real desvalorizado diante do dólar ou do euro.

Inclusive, há situações em que é possível surgir uma diferença considerável em apenas um dia.

A importância do preço do dólar

O dólar alto representa uma elevação nos preços do mercado. Isso significa que é bem provável que a gasolina, o pão ou uma viagem para o exterior fiquem mais caros.

Entendendo a balança comercial

Balança comercial é o termo usado para indicar o saldo entre importações e exportações que ocorrem entre os países.

Se as exportações forem maiores que as importações, dizemos que a balança comercial é favorável, já que está entrando mais dinheiro que saindo.

Caso o contrário ocorra, havendo mais importações que exportações, a balança comercial estará desfavorável.

Um resultado positivo é benéfico para o país, visto que atrai moeda estrangeira e gera mais postos de empregos para suprir a demanda.

Voltando ao dólar, se ele está mais alto, as exportações ou vendas aumentam e o cenário fica mais favorável para o Brasil.

Como a taxa de câmbio afeta os meus investimentos?

Depois de explicar os conceitos principais, vamos mostrar de que forma a taxa de câmbio influencia os investimentos financeiros. Para isso, existem os chamados fundos cambiais.

Eles são usados com o objetivo de ter proteção cambial e alocar o dinheiro disponível em títulos que estejam atrelados à oscilação do preço das moedas estrangeiras.

Esse tipo de papel é bem procurado para compor e diversificar a carteira, principalmente quando falamos de investir em dólar, que é a moeda mais importante.

Você pode contar com uma consultoria em investimentos para entender melhor como eles funcionam e de que forma podem contribuir para o alcance dos seus objetivos.

Se a ideia é proteger ainda mais a rentabilidade das variações na taxa, você pode contar com um limite de preço na hora da compra. Ele é chamado de hedge cambial e permite que se saiba exatamente quanto será pago no câmbio.

O mercado futuro também é uma alternativa muito usada por quem investe. Nesse caso, a negociação é feita com base em contratos de compra e venda de produtos, como soja e café, que só acontecerão no futuro.

A vantagem é que, para fazer isso, não é necessário desembolsar quantias exorbitantes em dinheiro.

A Letra de Câmbio, ao contrário do que o nome sugere, não faz parte do investimento em moeda estrangeira.

Ela ocorre devido ao fato de a instituição financeira pagar juros em troca (câmbio) de ter uma quantia em dinheiro emprestada por determinado período de tempo.

Então, cuidado para não cair no engano sem querer na hora de compor a sua carteira!

A taxa de câmbio afeta diretamente vários setores da economia e também o mercado financeiro, sendo parâmetro para alguns títulos que são usados como diversificação e uma forma de proteger o patrimônio.

Gostou deste artigo sobre taxa de câmbio? Então aproveite para conferir o guia que fizemos para explicar como funciona uma consultoria de investimentos!

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