quinta-feira, 2 de abril de 2020

Ações da Petrobras saltam 15% após fala de Trump sobre acordo entre russos e sauditas; países não confirmam

SÃO PAULO – As ações da Petrobras são destaque de ganhos nessa sessão, com alta de até 17% para as ações ON e de 15,73% para os ativos PN, acompanhando o movimento de forte alta do petróleo, com o WTI e brent chegando a subir até 36%.

A alta se intensificou após a declaração pelo Twitter de Donald Trump. Ele afirmou que, após conversa com o príncipe saudita, que comunicou conversa com a Rússia, espera corte de produção de 10 milhões de barris de petróleo. Minutos depois, Trump afirmou que o corte poderia ser ainda maior, de 15 milhões de barris.

Mais tarde, contudo, o governo da Rússia negou que Vladimir Putin, presidente do país, tenha falado com o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, sobre o mercado de petróleo.

A Arábia Saudita, por sua vez, confirmou a conversa entre o Trump e o príncipe herdeiro, mas não deu detalhes sobre o diálogo. O país também convocou reunião emergencial da Opep+ para discutir a crise. Segundo a Bloomberg, os sauditas querem que os principais produtores também façam a adesão a qualquer corte de produção.

Anteriormente, o petróleo já estava subindo forte por dois fatores. O primeiro, também devido à fala do presidente norte-americano Donald Trump ontem à noite, mas menos incisiva. Ele afirmou ter conversado recentemente com líderes da Rússia e da Arábia Saudita, destacando acreditar que os dois países chegariam a um acordo para encerrar sua guerra de preços no mercado de petróleo “em poucos dias”, reduzindo a produção para apoiar as cotações. Com isso, durante a manhã, tanto o brent quanto o WTI avançavam cerca de 10%.

Além disso, segundo informações da Bloomberg, a China avançou com os planos de comprar petróleo para as reservas de emergência em meio ao colapso dos preços.

Os países da OPEP liderados pela Arábia Saudita propuseram no mês passado um corte de produção de 1,5 milhão de barris por dia, à medida que a demanda diminuía. No entanto, a Rússia, aliada da OPEP, rejeitou o corte, provocando uma guerra de preços entre os dois produtores. Os cortes na produção expiraram em 31 de março e, na quarta-feira, a Arábia Saudita aumentou sua produção para mais de 12 milhões de barris por dia.

O choque, tanto do lado da demanda quanto da oferta por conta da crise com o coronavírus, derrubou os preços do petróleo. Em 6 de março, o WTI estava sendo negociado acima de US $ 41 por barril. Desde então, o petróleo chegou a perder cerca de metade de seu valor.

Ainda em destaque, após as fortes quedas da véspera, superiores a 10% na véspera, CVC, Gol e Azul sobem e também buscam recuperação. Confira os destaques:

Petrobras (PETR3;PETR4)

A Petrobras celebrou acordo para encerrar litígio arbitral proposto por um investidor da Sete Brasil Participações. Em função do acordo, a petroleira estatal afirmou que reverterá no balanço do primeiro trimestre de 2020 a provisão de R$ 634 milhões referente aos litígios envolvendo a Sete Brasil, que está em recuperação judicial. Os termos do acordo e o processo arbitral não foram divulgados, porque são protegidos por confidencialidade. “A companhia permanece em defesa de seus interesses nos processos em curso”, apontou a estatal.

Engie (EGIE3)

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou financiamento de R$ 1,243 bilhão para a Engie Brasil. A empresa usará os recursos para implantar as centrais geradoras da Fase 2 do complexo eólico Campo Largo, e também para construir o sistema de transmissão de energia associado.

Em comunicado enviado à CVM, a Engie Brasil informou que a transação foi aprovada ontem pelo Conselho de Administração da empresa no Rio de Janeiro. Localizado no norte do Estado da Bahia, o complexo eólico Campo Largo entrou em operação no final de 2018, com 326,7 MW de capacidade geradora na Fase 1.

Bancos

No noticiário do setor bancário, destaque para algumas medidas que podem dar alívio ao setor. O governo desonerou IOF em operações de crédito por 90 dias em uma medida que custará R$ 7 bilhões aos cofres públicos e que pode ecoar nas ações das instituições financeiras.

Além disso, o CMN autorizou BC a conceder empréstimos a instituições financeiras mediante a emissão de Letra Financeira Garantida. As operações terão prazo de, no mínimo, 30 e, no máximo, 359 dias corridos.

“Trata-se de uma Linha Temporária Especial de Liquidez (LTEL), com o objetivo de oferecer a liquidez necessária para que o Sistema Financeiro Nacional possa se manter estável frente ao aumento da demanda observada no mercado de crédito, fruto dos reflexos da propagação da COVID-19”, diz o comunicado do CMN.

Light (LIGT3)

A concessionária de eletricidade Light, do Estado do Rio de Janeiro, aprovou a emissão de debêntures no valor de R$ 400 milhões. A Light informou que a emissão terá série única e acontecerá no dia 15. Cada debênture terá o valor de R$ 1 mil e a custódia eletrônica será feita pela B3 em São Paulo. As debêntures serão simples e não conversíveis, com o primeiro vencimento em 15 de abril de 2021. Os juros remuneratórios corresponderão a 100% da variação diária dos DI, acrescidos de uma sobretaxa de 2,51% ao ano. A remuneração será semestral.

Banco do Brasil (BBAS3)

O Banco do Brasil cedeu por R$ 731 milhões a sua carteira de clientes inadimplentes para a BV Financeira, uma subsidiária do Banco Votorantim (BV). A BV Financeira adquiriu o poder de negociação e cobrança dos clientes devedores. O contrato prevê a possibilidade do Banco do Brasil efetuar a recompra da carteira no futuro. Vale notar que o Banco do Brasil é acionista minoritário no Banco Votorantim. O contrato de cessão foi assinado em 24 de março.

CVC (CVCB3)

A CVC, maior operadora de turismo do Brasil, informou que o executivo Leonel Andrade foi eleito diretor-presidente da empresa, em reunião do Conselho de Administração. A CVC comunicou que Andrade assumiu o cargo imediatamente após a eleição. Com mais de 20 anos de carreira, Andrade foi diretor-presidente da Smiles Fidelidade, da Credicard e da Losango.

O executivo chega à CVC em um momento delicado da empresa e do mercado. Em 3 de fevereiro, a empresa declarou ter encontrado erros contábeis no valor de R$ 250 milhões, o que terá impacto nos resultados de 2019. A empresa adiou a divulgação do balanço auditado do ano passado e conduz uma investigação interna. O momento do mercado de turismo é ainda mais complicado, com a epidemia do coronavírus se alastrando pelo Brasil e pelo mundo, o que impede as viagens. Segundo a CVC, Leonel Andrade conduzirá a reorganização e elaborará a estratégia para a empresa nos próximos anos.

Ouro Fino (OFSA3)

O Conselho de administração aceitou a renúncia de Jardel Massari ao cargo de diretor presidente da companhia, disse a Ouro Fino em comunicado. O Conselho também elegeu Kleber Cesar Silveira Gomes como novo diretor presidente e de relações com investidores da Companhia e Marcelo da Silva como diretor financeiro.

Raizen

Na Raizen, joint venture entre Cosan (CSAN3) e Shell, Ricardo Mussa deixará seu cargo atual de diretor executivo da companhia e exercerá mandato como presidente até 1 de junho de 2022, segundo comunicado. O cargo era ocupado por Luis Henrique Cals de Beauclair Guimarães, que renunciou ao cargo.

IRB Brasil (IRBR3)

A resseguradora IRB Brasil RE elegeu o executivo Wilson Toneto para o cargo de diretor vice-presidente executivo de Riscos e Conformidade, em substituição à executiva Lúcia Maria da Silva Valle, que fazia parte da equipe anterior e desligou-se recentemente da empresa. Toneto se reportará ao presidente da empresa, Antônio Cássio dos Santos, ele próprio novo no cargo – assumiu em março. O Conselho da IRB Brasil também indicou Toneto para o cargo de Responsável pelo combate a fraudes, pelo combate à lavagem de dinheiro e pelos controles internos da seguradora perante a Susep – Superintendência de Seguros Privados.

Localiza (RENT3)

O Conselho de administração da Localiza aprovou proposta da administração de mudança da data do pagamento dos juros sobre capital próprio para 5 de janeiro de 2021, disse a companhia em
comunicado.

A Localiza vem adotando uma série de medidas para aumento de liquidez, contingenciamento de despesas e redução do Capex, destacou. A posição de caixa atual é de aproximadamente R$ 3,9 bilhões. “Novas medidas podem ser implantadas, dependendo da extensão e duração da crise”, pontuou.

Dimed (PNVL3;PNVL4)

O Bradesco BBI iniciou a cobertura das ações do Grupo Dimed, que controla a rede de farmácias Panvel, a maior do Rio Grande do Sul e que nos últimos anos se expandiu até São Paulo. Segundo o BBI, 10% das vendas do Grupo são digitais e a expectativa é que a Panvel conquiste 14% do varejo farmacêutico brasileiro até 2023.

“A Dimed é um papel defensivo, com uma rede de farmácias de alta qualidade. O setor varejista brasileiro de farmácias é o mais defensivo no cenário da Covid-19, dirigido pela incerteza”, comenta o BBI.

“A Panvel planeja abrir 500 lojas até 2025. Embora a empresa tenha apenas cinco farmácias em São Paulo, sua posição é muito forte no Sul do país, onde tem 19% da participação de mercado no Rio Grande do Sul, 8,8% em Santa Catarina e 8% no Paraná. A empresa também foi uma das primeiras a investir nas vendas pela internet no setor farmacêutico do país, em 2015, e deverá reforçar esse canal’, avalia o BBI. A recomendação para os ativos é outperform (acima da média) e preço-alvo de R$ 33,00 para a ação PNVL3 em 2020, um upside de 49% sobre o preço de ontem, R$ 22,19.

Suzano (SUZB3) e Klabin (KLBN11

O Itaú BBA informou que as perspectivas para o setor de celulose melhoraram, após a indústria chinesa Asia Symbol ter anunciado hoje um aumento de preços de US$ 28 na tonelada. Segundo o BBA, a empresa tomou essa medida porque sua principal fábrica de Rizhao deverá ter uma perda estimada em 80 milhões de toneladas quando parar para manutenção no final de abril.

A avaliação do BBA é positiva para o setor de celulose, porque além da China ter mantido a demanda, ocorreram interrupções na cadeia de suprimentos no Canadá, Nova Zelândia e Indonésia. O BBA mantém sua nota outperform (desempenho acima da média) para a ação da Suzano, e marketperform    (desempenho em linha com a média de mercado) para a ação da Klabin.

Embraer (EMBR3)

O Banco Morgan Stanley cortou o preço-alvo do ADR da Embraer, listado na NYSE, de US$ 19 para US$ 9,00, devido à “alta incerteza” a respeito do acordo de aquisição da divisão de aeronaves comerciais da empresa brasileira pela americana Boeing – que também atravessa dificuldades nos Estados Unidos – e ao enfraquecimento significativo das projeções de faturamento e lucro da Embraer para 2020.

“Embora o diretor financeiro da Boeing tenha dito recentemente que o acordo com a Embraer é ‘estratégico’ para a empresa, nós acreditamos que existe uma grande incerteza sobre se o negócio realmente avançará, e se isto ocorrer, a qual preço, levando em conta os tumultos atuais da pandemia no mundo e as dificuldades de ambas as empresas”, avalia o Morgan Stanley. Embora tenha cortado o preço-alvo do papel em 2020, o banco manteve a recomendação equalweight (em linha com a média do mercado) para a ação.

Even (EVEN3), EzTec (EZTC3), Tenda (TEND3) e Trisul (TRIS3)

O Bradesco BBI revisou as perspectivas para todo o setor da construção civil por causa do impacto da epidemia do coronavírus no Brasil. As ações da construtora EzTec foram elevadas para outperform (desempenho acima da média), enquanto as ações da construtora Even tiveram a recomendação reduzida para neutra.

O BBI avalia que “as vendas do setor devem desacelerar, haverá maior cancelamento nas compras de imóveis e aumentarão as taxas de inadimplência”. O banco enfatiza que é cedo para antecipar resultados, mas projeta que no segundo trimestre os lançamentos e vendas de imóveis novos podem sofrer uma paralisação, para uma retomada no terceiro trimestre. O lucro das empresas, em três cenários projetados pelo BBI, deverá cair 20% durante 2020.

“As nossas ‘top picks’ entre as construtoras são agora a EzTec, Tenda e Trisul”, conclui o BBI.

Ainda no noticiário do setor, a Even aprovou recompra de até 4,14 milhões de ações pelo prazo de seis meses, o que corresponde a 2% do total de papéis da construtora em circulação no mercado.

Sabesp (SBSP3)

A Agência Reguladora de Saneamento e Energia de São Paulo (Arsesp) divulgou deliberação que estabelece o cronograma de eventos da 3ª revisão tarifária ordinária, destacou a Sabesp em comunicado. Segue o cronograma abaixo:

** Publicação da proposta de metodologia da 3ª RTO: 14/maio/2020
** Publicação do Custo Médio Ponderado de Capital (WACC): 14/maio/2020
** Consulta Públicas e Audiências Públicas: 15/maio/2020 a 3/julho/2020
** Publicação da Nota Técnica Preliminar – Cálculo do P0 :14/jan/2021
** Consulta Pública e Audiência Pública – Cálculo do P0: 15/jan/2021 a 19/fev/2021
** Publicação de Nota Técnica Final e Deliberação do P0: 09/abril/2021

Ultrapar (UGPA3)

A Ultrapar comunicou que, uma vez que as atividades das empresas controladas pela companhia são classificadas como essenciais no contexto das medidas adotadas para o enfrentamento da pandemia, de modo que tais empresas permanecem em pleno funcionamento.

“Nesse sentido, desde o início da crise, a companhia e suas controladas vêm atuando de maneira determinada para assegurar a continuidade do fornecimento dos produtos e da prestação dos serviços que oferecem à população, ao mesmo tempo em que buscam contribuir com ações que ajudem na mitigação dos impactos para seus colaboradores, clientes, fornecedores, parceiros e sociedade em geral”, destacou.

Entre as ações, estão o parcelamento de pagamentos e suspensão de cláusulas de performance de vendas aos revendedores Ipiranga, além de iniciativas para contribuir com o esforço nacional de combate à crise por meio de doações para construção de hospital de campanha e compra de respiradores, desconto em combustíveis para profissionais da saúde viabilizado pelo aplicativo Abastece Aí, entre outras.

A Ultrapar ainda informou ter reforçado sua liquidez e posição de caixa por meio de linhas de crédito preventivas no valor total de R$ 1,5 bilhão, com prazo de 12 meses. Além disso, o plano de investimentos para 2020 será reduzido em aproximadamente 30%, como medida de contingenciamento de caixa.

A companhia também comunicou o cancelamento das projeções financeiras para 2020 divulgadas em fato relevante de 03 de março de 2020. “Tais projeções tinham como uma de suas principais premissas o crescimento de 2% do PIB brasileiro em 2020, o que já não mais representa o consenso atual de mercado, de acordo com o último relatório Focus emitido pelo Banco Central. Adicionalmente, a volatilidade e a velocidade de mudança de cenários não permitem, neste momento, que seja estabelecida uma nova projeção”, destacou.

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(Com Bloomberg e Agência Estado)

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