SÃO PAULO – Com apenas dois tuítes, Donald Trump, presidente dos EUA, movimentou completamente o mercado de petróleo, fazendo tanto as cotações do WTI quanto do brent dispararem mais de 30%. Com isso, as ações da Petrobras (PETR3;PETR4) chegariam a subir mais de 15% nesta quinta-feira (2)
Nos tuítes, Trump falou sobre possíveis cortes maciços na produção de petróleo. Ele apontou que, após falar com o príncipe herdeiro da Arábia Saudita (que teria falado com a Rússia), esperava um corte de 10 milhões de barris de produção (provavelmente referindo-se a 10 milhões de barris por dia), posteriormente elevando o número para 15 milhões de barris (também por dia).
Os sauditas e os russos não confirmaram a informação. Contudo, a Saudi Press Agency, a agência de notícias oficial da Arábia Saudita, informou que o país pediu uma reunião de emergência, ainda sem data definida, entre nações integrantes da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), a Rússia e outros produtores, de forma a estabilizar o mercado de petróleo.
Provavelmente, convidarão outras nações importantes a reduzirem conjuntamente a produção, uma vez que disseram desejar um acordo justo para estabilizar o mercado. Mais cedo, ainda, o ministro russo de Energia, Alexander Novak, havia afirmado à Reuters que o país não tem planos de aumentar sua produção de petróleo.
De acordo com o Bradesco BBI, caso o encontro da Opep+ seja bem-sucedido, os russos e os sauditas terão se livrado do ônus de reequilibrar os mercados sozinhos enquanto a crise com o coronavírus continua. “Acreditamos que outros importantes países produtores de petróleo fora da OPEP +, como o Brasil, também poderiam ser convidados a cortar a produção”, avaliam.
“Se os cortes atingirem a magnitude de 10 milhões a 15 milhões de barris por dia, essa pode ser uma notícia fantástica e um game-changer para os mercados de petróleo”, avalia o Bradesco BBI, já que os
mercados rapidamente se reequilibrariam. Os analistas veem a crise com o coronavírus impactando o mercado com uma queda da demanda entre 5 milhões e 10 milhões de barris por dia.
Nesta fase, contudo, os analistas do banco mantêm visão cautelosa sobre os estoques de petróleo e aguardam novos desdobramentos: “primeiro, para ver se essa reunião realmente acontecerá; segundo, ver quais países serão convidados a cortar e quanto; e, finalmente, para ver qual será o impacto na ponta longa da curva de preços do brent, que ainda está sendo negociada abaixo de US$ 40 o barril para os próximos doze meses”, avalia o banco.
Vale ressaltar que, apesar da disparada desta quinta-feira, os preços do petróleo seguem mais de 50% abaixo do registrado no início de 2020, antes da crise ocasionada pela Covid-19 impactar o mercado e da guerra de preços entre Rússia e Arábia Saudita após os russos não concordarem com um corte de produção em reunião anterior.
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