quarta-feira, 8 de abril de 2020

Entenda o IBC-Br e por que esse índice é tão importante

No mercado financeiro, existem diversos indicadores que medem a evolução da economia e têm impacto sobre as aplicações financeiras. São índices de preços, como o IPCA, a Selic (taxa básica de juros), e também o Produto Interno Bruto (PIB). Mas um deles geralmente passa batido por quem investe, apesar de sua importância: o IBC-Br.

Esse índice serve como base para decisões de gestores de investimentos e até do governo. O IBC-Br é especialmente importante em momentos de incertezas sobre a recuperação da economia, como o atual. 

Divulgado em 14 de fevereiro de 2020, o índice registrou a marca de 138,27 em dezembro de 2019. Trata-se de uma queda de 0,27% em relação ao mês anterior. Já no acumulado de 2019, o IBC-Br subiu 0,89%. O movimento frustrou expectativas, pois acabou sendo menor do que o de 2018, quando cresceu 1,15%. 

Quer saber o que é o IBC-Br e por que esse índice tem impacto nas suas aplicações financeiras? Descubra neste post!

O que é o IBC-Br? 

O Índice de Atividade Econômica do Banco Central – Brasil (IBC-Br) ajuda a avaliar o ritmo de crescimento da economia ao longo dos meses. 

Criado em 2003, o indicador passou a ter abrangência nacional em 2010. Antes, era divulgado separadamente por estado e região do país. 

Revisado mensalmente, seu principal objetivo é orientar o BC no controle da inflação. O IBC-Br pode influenciar ainda o cálculo do risco-país, que analisa também o déficit fiscal do governo federal. Ele serve como guia para estrangeiros que investem e desejam aplicar dinheiro no país. 

Qual é a diferença entre o IBC-Br e o PIB? 

Embora também mostre a evolução da economia nacional, o IBC-Br não é equivalente ao PIB (soma dos serviços e bens gerados no país). Isso porque seus conceitos, metodologias e frequências de cálculos são diferentes. 

Não é correto dizer que o IBC-Br é uma prévia do PIB, apesar das similaridades. Na verdade, ele indica apenas uma tendência do PIB, pois pode registrar divergências em relação ao principal indicador da economia. 

Para que sirva como um guia para o movimento do PIB, o IBC-Br é divulgado de forma mais frequente. O indicador é anunciado mensalmente, 45 dias após o mês de referência. Já o PIB é publicado uma vez a cada três meses pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), com defasagem. 

O cálculo do PIB é mais complexo do que o do IBC-Br. O IBC-Br tem uma limitação clara. Ele analisa apenas os bens e serviços produzidos pelo país, enquanto o PIB analisa também a demanda. 

Assim como o PIB, o IBC-Br reflete o crescimento do país incluindo previsões para os três setores básicos da economia: agropecuária, indústria e serviços. 

Também faz parte de ambos os índices o volume dos impostos sobre produtos. Ele pode ser projetado no IBC-Br a partir da soma da produção e importações. 

Por sua vez, o PIB também leva em conta dados referentes ao consumo das famílias, além do consumo e investimentos feitos pelo governo. 

Como o IBC-Br funciona? 

Apesar de, no médio prazo, a série histórica dos indicadores se assemelhar, o valor do PIB e do IBC-Br pode ser diferente em prazos curtos. Foi o que aconteceu durante a crise financeira internacional de 2008 e na posterior recuperação da economia, em 2010, por exemplo. 

Essa divergência pode ocorrer por conta de sua complexidade mais limitada. Ou, também, por causa de cálculos para a retirada de efeitos sazonais sobre a produção. É o que acontece, por exemplo, durante feriados como Natal e o Carnaval. 

Por conta disso, são divulgadas duas séries do índice: com e sem efeitos sazonais. E é importante frisar: o IBC-Br não é uma garantia de que o PIB vai se comportar da mesma maneira. Sua análise é mais indicada em horizontes de longo prazo. 

Como o índice é utilizado pelo Banco Central? 

O IBC-Br ajuda a orientar a política monetária do BC ao auxiliar na definição da taxa básica de juros (Selic). A Selic é o principal instrumento do BC para controlar a inflação e, como consequência, o consumo do país. 

A Selic é ajustada durante as reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom), órgão da autarquia. Essas reuniões são realizadas a cada 45 dias. 

Portanto, se o IBC-Br indicar aceleração, pode incentivar a autarquia a iniciar um ciclo de alta de juros. Por outro lado, caso aponte para fraqueza da economia, pode motivar um ciclo de cortes da taxa. 

Como o indicador afeta os seus investimentos? 

O IBC-Br ajuda a definir a taxa básica de juros, que serve como referência para os rendimentos de aplicações financeiras. 

Quanto menor a Selic, menor é o rendimento das aplicações de renda fixa, como a poupança, CDBs e títulos públicos, e vice-versa. 

Mas seu efeito sobre investimentos não se resume a essa classe de ativos. O IBC-Br também serve como base para decisões de gestores de fundos de investimento, os chamados investidores institucionais. Portanto, seu movimento também influencia alocações de ativos nesse produto financeiro. 

A evolução do IBC-Br pode ainda causar oscilações na bolsa de valores. Isso porque, quando há uma queda de confiança na economia, os gestores optam por diminuir posições em ativos de maior risco, como as ações. 

Ou seja, para quem investe nos papéis, a divulgação do IBC-Br pode ter impacto positivo ou negativo, e em maior ou menor intensidade. 

Isso porque há empresas que são mais sensíveis ao crescimento da economia. É o caso de companhias varejistas, que dependem do consumo e confiança das famílias e baseiam seus resultados na projeção do PIB. Caso a tendência de crescimento não se concretize, esses papéis perdem valor de mercado. 

Por todos os efeitos que o índice pode ter sobre investimentos, é comum comparar cada divulgação do IBC-Br a expectativas do mercado financeiro. Trata-se de uma forma de sinalizar quais impactos a divulgação do índice pode ter, se negativos ou positivos. 

Agora que você entende a importância do IBC-Br, sabe que deve monitorá-lo para tomar melhores decisões sobre sua carteira de aplicações financeiras. Ainda está em dúvida sobre onde investir? Conheça os tipos de investimentos existentes no mercado. 

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