SÃO PAULO — O principal índice da Bolsa brasileira fechou o primeiro trimestre de 2020 com baixa acumulada de 36,86%, o pior desempenho trimestral do Ibovespa na história. O movimento acompanhou a derrocada dos mercados de ações internacionais, todos afetados pelo impacto negativo da escalada do coronavírus na economia global.
O InfoMoney levantou o desempenho em moeda local dos principais índices de ações da América Latina, Estados Unidos, Europa e Ásia. Enquanto a Argentina teve a maior baixa, de 41,50%, o índice chinês Shanghai Composite foi o que apresentou o melhor desempenho: uma queda de 9,53%.
O índice chinês ensaiou uma recuperação nas últimas semanas, o que melhorou seu desempenho no acumulado trimestral, a medida que a China reportou ter controlado a epidemia de coronavírus em seu território.
Há alguns dias, o gigante asiático não registra contaminação local e os casos de novos infectados são todos de pessoas vindas do exterior. Por este motivo, a China fechou suas fronteiras até que a pandemia comece a ser controlada em outros países pelo mundo.
Veja abaixo o gráfico com o desempenho das Bolsas globais em moeda local no primeiro trimestre de 2020.
Enquanto a China, epicentro inicial da pandemia de coronavírus, anunciou ter controlado a disseminação da Covid-19, outros países sofrem com as mortes causadas pela doença. É o caso da Itália, que tem o maior número de mortes no mundo — mais de 11 mil —, e da Espanha, que chega perto do colapso em seu sistema de saúde, com registro de mais de 800 mortes por dia nesta semana.
No continente americano, os Estados Unidos ultrapassaram de longe a China e a Itália em número de casos confirmados de Covid-19 e se tornaram, na semana passada, o novo epicentro da pandemia global. A maior parte dos mais de 120 mil casos registrados no país estão no estado de Nova York, que também está perto do colapso em seu sistema de saúde.
Os índices de ações americanos, que chegaram a registrar seus piores desempenhos da história com o agravamento do surto de coronavírus no início de março, amenizaram as perdas nas últimas sessões diante do anúncio de medidas restritivas do governo de Donald Trump para conter o avanço da doença no país.
Aqui no Brasil, segundo os dados mais atualizados do ministério da Saúde, o país registra mais de 5.700 casos de coronavírus, com 201 mortes — a maioria no estado de São Paulo. Quase todos os estados adotaram medidas de distanciamento social, nas quais as pessoas com trabalhos não essenciais são recomendadas a ficarem em casa.
A prática é defendida pela Organização Mundial da Saúde no combate ao avanço da Covid-19 e foi utilizada por outros países que têm conseguido reduzir o número de novas contaminações por causa da menor circulação de pessoas. Embora necessária, a medida afeta drasticamente o crescimento econômico, e vários bancos cortaram suas projeções para o PIB brasileiro em 2020, assim como aconteceu no restante do mundo.
A avaliação é que a paralisação forçada por causa do coronavírus vai afetar diretamente a produção e os resultados das empresas, freando assim a atividade do país. Os setores mais afetados são varejo, companhias aéreas e turismo. Veja as 17 ações que caíram mais de 50% no pior trimestre do Ibovespa na história.
Nesta terça-feira (31), o Banco Fibra voltou a cortar a projeção para o desempenho da economia brasileira para uma retração de 2,5% em 2020. Antes, a estimativa era de crescimento de 0,8%.
A nova projeção, segundo o banco, leva em conta o maior recuo do PIB global do que o anteriormente estimado, a forte desaceleração do ritmo de crescimento da China e “o maior impacto, tanto na demanda quanto na oferta agregada, das necessárias medidas de distanciamento social no Brasil.”
O Bradesco também cortou sua projeção para o PIB brasileiro em 2020 para uma retração de 1%. “O país vinha exibindo uma recuperação econômica gradual e esperava-se aceleração do crescimento com a eventual aprovação de novas reformas econômicas, mas o processo foi interrompido”, afirmou o banco em nota.
“O momento que vivemos é singular. É preciso combinar o combate à pandemia com proteção econômica. Com as medidas tomadas até agora, os países estarão protegendo as pessoas e minimizando o risco de colapso econômico, permitindo uma retomada significativa quando a situação começar a se normalizar. Tempos excepcionais requerem medidas excepcionais, mas que, quando bem desenhadas, trazem segurança e expectativa de recuperação à frente”, completou o Bradesco.
Petróleo derrete
Não apenas os índices de ações têm sofrido com o coronavírus — as commodities também estão em queda livre. O barril de petróleo WTI, o contrato mais negociado na Bolsa de Nova York, teve queda acumulada de 66,5% nos três primeiros meses deste ano. Foi o pior desempenho trimestral da matéria-prima na história.
Já o barril de petróleo Brent, negociado em Londres, cedeu 65,6% — pior desempenho trimestral desde o segundo trimestre de 1988. Além do coronavírus, que reduz a demanda global por petróleo já que as pessoas estão em casa, também pesa sobre as cotações a guerra de preços travada entre Arábia Saudita e Rússia.
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