SÃO PAULO — Com características bem parecidas, Cemig (CMIG4) e Copel (CPLE6) são dois exemplos de empresas do setor elétrico que melhoraram sua eficiência operacional nos últimos anos, mesmo sendo estatais. Enquanto a privatização da companhia mineira ainda é uma incógnita, os olhos dos analistas têm brilhado mais pelo case paranaense.
Pelo menos esta é a visão de Gabriel Fonseca, analista da XP Investimentos, e Rodrigo Dias, analista da XP Asset, que participaram do evento “Super Clássicos da Bolsa” nesta quinta-feira (13). Para Fonseca, a Copel está colhendo os frutos de um processo de redução de custos.
“A empresa está também em uma trajetória de redução de endividamento muito significativa. Agora, ela está gerando muito caixa, baixando o endividamento para níveis bem saudáveis. Ela vendeu ativos não-core, como uma empresa de telecomunicações”, disse.
“Mesmo tendo sido uma das elétricas com a melhor performance no ano passado, ainda assim acreditamos que tem muita coisa que não está no preço. Por exemplo, eles querem fazer um processo em Foz do Areia, estendendo o tamanho da concessão por bastante tempo, tem um plano de demissão voluntária que ainda não está nos nossos números”, completou o analista da XP.
Fonseca também comentou a melhora na distribuidora da Copel. “Importa porque a sua conta de luz embute um custo operacional que a Aneel [órgão regulador do setor] prevê que ela deveria ter. Se antes isso era 100, a Copel praticava 200. Agora, ela consegue praticar dentro da margem da Aneel. Isso gera resultado na veia.”
Segundo Dias, a alta de 126% das ações da Copel no ano passado é justificada. “A parte de distribuição da Copel é o que as pessoas mais ouvem falar, mas ela não tinha uma representatividade grande nas operações da empresa porque era muito ineficiente, agora teve uma melhora significativa. A eficiência dela saiu de -80% para +5% em menos de dois anos.”
“A Cemig melhorou sua eficiência por necessidade. Já a Copel inciou uma melhora de eficiência para tentar buscar os níveis dos seus pares privados no setor. A gente sabe que isso é impossível, porque as estatais têm amarras burocráticas, mas ela está buscando isso. Hoje ela tem níveis comparáveis a privadas menos eficientes”, completou o analista da XP Asset.
A XP Asset tem “uma posição relevante” em Copel, segundo o analista. “A empresa tem uma gestão que consegue romper preconceitos que existem por ela ser estatal. Independentemente da valorização, é importante ter uma história para contar. O que a empresa vai fazer nos próximos cinco, seis meses? A Copel tem um caminhão de projetos. Então, a historinha para contar da Copel ainda é muito positiva.”
Já no caso da Cemig o que ainda pesa sobre as ações é uma expectativa de privatização. “O processo é um pouco mais complexo do que o esperado, precisa de trocas na Constituição de Minas Gerais. Isso não quer dizer que não haja espaço para melhorias operacionais, especialmente agora com a entrada de um novo CEO”, disse Fonseca.
A ação da Cemig recuou ligeiramente em 2019 (-0,5%) porque, segundo o analista da XP, o tema privatização pouco avançou no ano passado. “A Cemig em 2015 a 2017 tinha uma situação de endividamento muito difícil. Ela tem procurado amenizar isso, vendeu a participação na Light, por exemplo. Mas ainda há muito o que fazer.”
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