(Bloomberg) — O investimento responsável será grande: a tal ponto que a MSCI Inc. agora espera que seus índices ESG atraiam mais seguidores do que as ofertas tradicionais de indicadores de referência.
O provedor de índices já possui cerca de mil indicadores de ações e renda fixa que medem empresas e governos em 37 questões relacionadas a investimentos ambientais, sociais e de governança (ESG, na sigla em inglês). Exemplos: temas como valores católicos ou islâmicos, liderança das mulheres e metas de baixo carbono.
Remy Briand, chefe de pesquisa ESG da MSCI, vê mais dinheiro rastreando esses parâmetros “ao longo do tempo” do que índices ponderados pelo valor de mercado. Ativos sob gestão que seguem indicadores ESG da empresa provavelmente dobrarão em 2020, dando seguimento à tendência do ano passado, disse Briand em entrevista por telefone.
O investimento “do bem” acelerou globalmente, com pelo menos US$ 30,7 trilhões em aplicações sustentáveis ou ecológicas em 2018, de acordo com a Aliança Global para Investimentos Sustentáveis. Essa provou ser uma oportunidade de negócio lucrativa para provedores de índices: a receita de indicadores ESG da MSCI deve ter crescido entre 60% e 65%, para US$ 38 milhões em 2019, segundo Colin Plunkett, analista da Morningstar. A receita operacional para a divisão geral de índices foi de US$ 921 milhões no ano passado, um aumento de 10% em relação a 2018, informou a MSCI em 30 de janeiro.
Vários estudos mostraram que empresas mais sustentáveis tendem a registrar melhor desempenho a longo prazo. O índice MSCI ACWI ESG Leaders acumula alta superior a 50% nos últimos cinco anos, superando o avanço de cerca de 35% do índice MSCI All-Country World. Ações de tecnologia e finanças têm as maiores ponderações em ambos, respondendo por mais de 30% dos indicadores.
Os compiladores de índices geralmente ganham dinheiro fornecendo às empresas de investimento acesso a dados e licenciando indicadores para a criação de produtos financeiros. A MSCI também oferece um sistema de classificação ESG e pesquisa sobre o assunto para ajudar gestores de ativos a criarem portfólios.
Certamente, um problema comum em investimentos com consciência social e ambiental é a chamada lavagem verde por empresas que usam etiquetas ou publicidade enganosas para criar ilusão de responsabilidade ambiental.
Gestoras de ativos como a BlackRock enfrentaram uma ira ativista por não estarem fazendo o suficiente, e hedge funds foram lentos em adotar as estratégias, citando dados inconsistentes e falta de expertise.
Embora possa levar décadas para superar os índices tradicionais, “minha visão pessoal é que a mudança para o ESG acontecerá muito mais rapidamente do que a maioria das pessoas esperaria”, porque a adoção está se acelerando em ritmo “surpreendente”, segundo Briand.
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